Alcachofra: produtor tenta se recuperar de perdas

Agricultores paulistas dedicados ao cultivo ainda não conseguiram reverter a queda na produção, afetada pela perda de plantas por excesso de chuva há dois anos; para ampliar oferta, apostam na importação de sementes

Fonte: Pixabay/divulgação

A colheita de alcachofra já começou no interior São Paulo, maior produtor da flor comestível no país. Os agricultores tentam se recuperar do prejuízo de dois anos atrás. Além disso, querem ampliar a produção, e por isso querem que o Ministério da Agricultura libere a importação de sementes – hoje, no Brasil, a alcachofra só se desenvolve por meio de mudas.

Produtora de alcachofra há mais de 20 anos na região de São Roque (SP), Analidia de Camargo tem expectativa de colher nesta safra 4 mil caixas (contendo de 8 a 16 unidades) da hortaliça. O rendimento, segundo ela, ainda é afetado por problemas que atingiram a cultura na temporada 2015/2016. 

Na época, a região foi castigada por uma chuva contínua, que se prolongou por cerca de 10 dias, levando os pés de alcachofra a apodrecerem. “Eu perdi uns 70% da plantação. Isso foi há dois anos, mas até agora gente não conseguiu chegar aonde no ponto em que estava”, conta a agricultora.

A dificuldade em ampliar a produção, já que não há sementes disponíveis no mercado, está se refletindo no preço. Uma caixa com 12 alcachofras está saindo na região de São Roque por R$ 100, em média.

Para o diretor do departamento de agricultura da prefeitura local, Leodir Ribeiro, houve um aumento no preço em torno de 40% neste ano, em razão da escassez de produto. “Acredito que, entrando a safra, esses preços caiam, porém, não vão de maneira nenhuma chegar ao que era dois anos atrás”, diz.

A alcachofra é uma cultura exigente, o que se traduz em custo de produção alto. Ela exige cuidados constantes, água na medida certa diariamente e clima frio no período vegetativo. Sem isso tudo, a flor não desabrocha e, consequentemente, não tem colheita.
Para tentar contribuir com o aumento da oferta, a prefeitura de São Roque está buscando novas variedades de alcachofra.

Leodir Ribeiro conta que foram feitos testes com sementes importadas, que não estão aptas para importação. “Algumas empresas já fizeram pedido de registro, de análise de risco e de praga dessas sementes, mas ainda não têm liberação do Ministério da Agricultura. Com essas sementes, nós poderíamos compensar as perdas que tivemos, bem como ampliar a área produtiva aqui no Brasil”, diz.

O representante da prefeitura afirma que há no país de 250 a 300 hectares destinados à alcachofra, enquanto o Peru, maior produtor da América Latina, dedica 18 mil hectares à cultura.”Ou seja, o Brasil tem um campo muito grande para ser trabalhado, e a alcachofra é um produto que está sendo muito bem aceito, aumentou muito o consumo, porém, a produção caiu muito e estamos vivendo à base da importação”, informa Ribeiro.