Borracha: setor pede socorro para sobreviver

Muitas vezes, os preços internacionais do produto ficaram mais baratos do que os nacionais, estimulando a importação

Fonte: Suelen Farias/Canal Rural

A cadeia da borracha natural enfrenta um grande problema que já se estende há anos: os preços internacionais do produto ficaram, por diversas vezes, mais baratos do que os nacionais, estimulando a importação. O setor alega falta de competitividade, já que a borracha brasileira esbarra em mais impostos, além de ter custos ambientais e trabalhistas que os concorrentes estrangeiros não têm.

O presidente da Associação Brasileira de Produtores e Beneficiadores de Borracha Natural (Abrabor), Antônio Carlos da Costa, afirma que 80% do custo de produção é vinculado à força de trabalho. “A mão de obra asiática é 1/4 do valor que é pago no Brasil, e como lá não tem preocupação ambiental praticamente nenhuma, isso faz com que inviabilize a nossa produção”, diz.

Hoje, o país possui 1/3 da borracha que consome, o equivalente a pouco mais de 200 mil toneladas. Goiás é o 5º maior estado produtor de seringais do Brasil, sendo que 3% de toda a produção vem da região de Goianésia. Mas, pela constante oscilação de preço, o setor produtivo de borracha corre o risco de acabar.

De acordo com Costa, esse ano o número de seringais erradicados está chegando a mais ou menos 5,7 milhões de árvores. “Neste momento, vários seringais param de produzir e alguns são erradicados. A borracha, assim como o aço e o combustível, é um dos três produtos de segurança nacional. O país literalmente para – e pode parar – por falta de borracha”, explica.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país possui 165 mil hectares de seringueiras. Só em Goiás são 24 mil hectares. Além disso, o setor tem papel importante na economia, já que movimenta mais de 120 mil postos de trabalhos.  

De acordo com os agricultores, o preço de venda do produto hoje varia de R$ 2,40 a R$ 2,60, ainda muito longe do valor ideal para se ter retorno dos valores investidos em mão de obra especializada. “O ideal para termos um retorno, por conta do investimento que é alto, seria por volta de R$ 3,30 ou R$ 3,40”, diz o produtor rural Edvaldo Antonio Lopes.

Para o setor, o governo federal tem papel importante para garantir rentabilidade aos produtores e evitar excesso de importação. O presidente da Abrabor diz que a entidade vem discutindo no Ministério da Agricultura políticas públicas mais consistentes que deem estabilidade aos agricultores.

“Se houvesse a possibilidade de ter uma formação de preço de toda a cadeia, baseada num mix do valor que é levado para o consumidor final, e distribuir essa riqueza gerada por toda cadeia produtiva, seria a solução. Como é o setor sucroalcooleiro e muitos outros”, explica Costa.