Brasil agenda exportação de açúcar 170% maior no 1º bimestre de 2016/2017

O mercado internacional procura o açúcar brasileiro após as quebras de produção na Tailândia e na Índia

Fonte: Divulgação/Codern

O volume de açúcar agendado para exportação nos dois primeiros meses da safra 2016/2017 no Centro-Sul (abril e maio) indica que o Brasil ocupará espaço da Tailândia e da Índia nas exportações mundiais da commodity neste ano.

Consideradas as oito semanas, o volume semanal agendado foi, em média, 170% superior ao de igual período do ano passado, conforme dados da agência marítima Williams Brazil.

A média semanal de navios agendados para carregar açúcar foi de 35 embarcações, acima das 32 de período similar de 2015. Essa fila refere-se aos navios já ancorados, aqueles que estão ao largo esperando atracação e também os que ainda vão chegar. Quanto ao volume da commodity, o agendamento variou de 506 mil para 1,36 milhão de toneladas de um ano para o outro.

O presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, diz que o mercado “está ávido por açúcar de origem do Brasil” após quebras de produção na Tailândia e na Índia. Segundo ele, chuvas em excesso, manutenção dos terminais e a própria concorrência com o escoamento da safra de grãos também respondem por esse line-up maior. 

Com base em levantamento feito pela consultoria, ele destacou que há a expectativa de reação dos preços do açúcar VHP (bruto) para pronto embarque no mercado físico. Atualmente, o VHP para pronta entrega tem sido negociado com descontos que variam de 15 a 20 pontos sobre a tela de julho na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), entre 16,50 e 17,50 centavos de dólar por libra-peso nos últimos pregões. 

Tailândia

A produção de açúcar pela Tailândia deve cair 14% na safra 2015/16, para algo entre 9,5 milhões e 9,6 milhões de toneladas. De acordo com o secretário-geral do Conselho de Açúcar e Cana do país, Somsak Jantararoungtong, o clima quente e seco, resultado do El Niño, derrubou a produtividade das plantações no segundo maior exportador mundial do alimento.

“Nós esperávamos produzir mais açúcar, mas a seca afetou tanto a qualidade quanto a quantidade de cana”, afirmou o secretário ao Wall Street Journal. Conforme ele, a expectativa inicial era de uma produtividade 3% maior, mas isso não se confirmou no momento da colheita, que por lá vai de novembro a abril.

Como consequência, participantes do mercado já apostam em ganhos ainda mais expressivos para o açúcar negociado na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Além da produção menor na Tailândia, o mercado também tem sido influenciado por chuvas em excesso no Centro-Sul do Brasil e pela perspectiva de uma colheita também menor na Índia.

Jantararoungtong acrescentou que, para o ciclo 2016/17, os prognósticos são mais positivos. Precipitações recentes, embora insuficientes para ajudar a atual temporada, melhoraram as perspectivas para a próxima. Espera-se que o volume de cana disponível para o ano que vem seja de 95 milhões de toneladas, acima das 80 milhões a 85 milhões de toneladas previstas inicialmente.