Cagaita, baru, araticum e outros frutos do Cerrado viram sorvete em Brasília

Fabricação do produto estimula atividade de coleta entre agricultores familiares, que encontram nas árvores nativas uma fonte suplementar de renda

Fonte: reprodução/Canal Rural

A fabricação de sorvetes com frutas típicas do Cerrado em Brasília está estimulando a produção de agricultores familiares do Centro-Oeste. Na vitrine da sorveteria, sabores como baru, jenipapo, cagaita, araticum e mangaba estão entre as 17 opções de frutos nativos do bioma.

De acordo com a proprietária da empresa, Rita Medeiros, a sazonalidade é o principal desafio para manter a diversidade do cardápio. Para montar a rede de fornecedores, ela afirma ter feito um “trabalho de formiguinha”, descobrindo e convencendo pequenos produtores a coletar e entregar para a sorveteria alguma quantidade de frutos.

Uma das fornecedoras da empresa é a agricultora Adelina dos Santos, de Pirenópolis (GO), a 150 km de Brasília. Há 30 anos, ela é coletora de baru, uma castanha típica do Cerrado que nasce dentro de uma fruto redondo de casca grossa. O produto é colhido das árvores nativas entre junho e dezembro na fazenda de um amigo que abre as portas para a produtora durante a safra. Em 2015, ela colheu 200 quilos.

A agricultora conta que há muita dificuldade para colher a castanha. É necessário enfrentar mato fechado e plantas com espinhos para chegar aos pés de baru. Depois, é preciso selecionar os frutos um a um, balançando-os. A amêndoa precisa estar solta no interior. “Quando não balança, pode jogar fora que ele não presta, está estragado”, diz ela.

Os barus são carregados até a oficina artesanal da agricultora. Ali, são quebrados até 6 kg de frutos por dia. Cada quilo é vendido por cerca de R$ 40. A castanha obtida é torrada e segue para a fábrica de sorvete em Brasília, mas também pode ser utilizada em receitas de pães, bolos e doces.
 
Adelina dos Santos, de 65 anos, afirma que construiu duas casas com o dinheiro que ganhou com o baru, e tem planos para aumentar o patrimônio. “Eu tenho vontade de comprar até um carro pra mim ainda, com o dinheiro do baru”, diz.