Campanha reforça a importância da mulher na agricultura familiar

Oficial da FAO explica que a proposta é oferecer informações sobre políticas públicas, programas e projetos que estão sendo desenvolvidos

Fonte: MDA/divulgação

Na agricultura familiar, cerca de 45% dos produtos são plantados e colhidos por mulheres. São cerca de 14 milhões de produtoras rurais envolvidas no processo. De acordo com o Censo Agropecuário de 2006, elas são responsáveis por 16% dos estabelecimentos rurais do nível familiar.

Em busca do reconhecimento do seu papel para o desenvolvimento rural, a campanha #MulheresRurais, mulheres com direitos continua em massiva discussão de gênero nos países da América Latina e Caribe. 

A oficial de Gênero da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para América Latina e Caribe, Claudia Brito, explica que é necessário desmistificar alguns elementos colocados sobre a mulher rural dessas regiões. Além de trazer uma compreensão mais ampla do papel feminino. 

“Elas não somente produzem no setor agrícola, mas também estão envolvidas no setor da pecuária, da pesca, no social. Todos esses elementos são retomados pela campanha que traz à luz desmistificando alguns dos imaginários sociais que persistem em muitos de nossos países sobre a participação das mulheres no nível produtivo, de desenvolvimento rural”, afirma.

Segundo Claudia, é sabido que os agricultores familiares são aqueles com maior nível de pobreza, de insegurança alimentar e nutricional. Quando analisada do ponto de vista feminino, a situação é ainda intensa e preocupante, pois impacta de uma maneira muito diferenciada as mulheres. 

“Elas são pobres em recursos, muito especialmente do recurso de terra e de água, que estão relacionados com a assistência técnica, com o processo de formação de capacidades e também com o fortalecimento da participação política e social da mulher rural”, diz.

A oficial explica que a campanha também busca colocar à disposição de todos informações sobre políticas públicas, de programas e projetos que estão sendo desenvolvidos nos países, por meio de uma compilação.

“Acreditamos que é extremamente importante para as pessoas que tomam decisões nas organizações em termos de desenvolvimento rural e direitos das mulheres, e da institucionalidade de enfoque de gênero a nível de desenvolvimento rural de política econômica e social”, conta.

Entre os objetivos para este ano, Claudia destaca a troca e difusão de experiências. “Espera-se também um processo de somar esforços entre as organizações nacionais e internacionais, organismos de governo, através de uma rede de diálogos e políticas públicas, que estão vinculadas com o empoderamento das mulheres e fazer acessível a informação gerada não só dos governos, mas também das organizações que trabalham diretamente com as mulheres”, afirma.

Segundo ela, o Brasil tem sido um país inspirador para a América Latina no que diz respeito a grandes políticas públicas voltadas aos direitos das mulheres.

“Creio que esta campanha vai em consonância com isso e com o processo inspirador do país em termos de visibilizar a voz das produtoras rurais”, declara.