Campo: de cada 10 trabalhadores, só 2 são mulheres

Levantamento do Cepea mostra que elas seguem com poucas oportunidades no setor agrícola

Fonte: Instituto Abaitará/divulgação

Já é sabido que as mulheres têm menor participação no mercado de trabalho brasileiro, em uma comparação com os homens. O preconceito, muitas vezes é a razão para tamanha disparidade. No agronegócio, a diferença é ainda maior, sendo que em alguns segmentos, como o primário, ou seja, no campo, somente 21,9% dos empregos são ocupados pelo sexo feminino.

Em um estudo realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o que todos já suspeitavam foi comprovado, o agronegócio ainda é um setor machista. Em média, contando todos os segmentos, primário, insumos, indústria e serviços, as mulheres ocupam apenas 31,7% dos empregos. Para se ter uma ideia, no Brasil inteiro em todas as profissões a média é de 42,9%.

Na lida do campo, em cima de um trator, colheitadeira ou aplicando algum agroquímico, apenas 21,9% dos trabalhadores são mulheres e isso não tem nada a ver com a capacidade, mas sim, com um preconceito cultural histórico. Segundo a presidente do Sindicato Rural de Campo Novo dos Parecis, Giovana Velke, a mulher quando vai para o campo e lida com homens, precisa provar muito mais de duas vezes que é boa para o trabalho, porque há muito preconceito.

Para ela, não existe esta limitação de porte físico, já que com o avanço da tecnologia, as máquinas não requerem mais força, mas sim dedicação. “As mulheres são muito mais dedicadas e atenciosas com o trabalho e isso traz mais economia e resultados no final. E elas estão se qualificando para isso. Em um futuro próximo elas irão aumentar sua participação no campo. Tenho certeza”, diz Giovana.

Já a opinião da produtora rural e engenheira agrônoma, Andréia Stefanello, de Campo Novo do Parecis, o preconceito não impede ninguém de alcançar o que quer, muito menos de vencer na vida. Ela lembra que não sofreu muito preconceito, por ter trabalhado a vida inteira na propriedade da família, mas tem amigas que não tiveram a mesma sorte. “Muitas vezes foi difícil, emiti opiniões que o pessoal não concordou, mas isso faz parte”, conta ela. “Deve ser muito difícil para uma mulher começar e tentar crescer por conta própria, mas se quiser muito dá.”

A participação das mulheres sobre para 29,6% quando falamos no trabalho na área de insumos. No segmento de serviços o índice sobe ainda mais, para 31,7%. E por fim, na indústria, a participação é de 38,2%.