Clima prejudica as culturas de segunda safra

Para 2017, no entanto, condições climáticas asseguram um bom prognóstico 

As condições climáticas adversas prejudicaram principalmente as culturas de segunda safra em 2016, levando a perdas na produção agrícola brasileira no ano. No entanto, houve melhora nos últimos meses, o que favoreceu culturas de inverno, segundo Carlos Alfredo Guedes, gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “O clima prejudicou a segunda safra, mas beneficiou a safra de inverno.”

Conforme o IBGE, a redução da expectativa de produção da segunda safra de feijão é de 12.399 toneladas e deve-se, principalmente, a Alagoas onde a área colhida sofreu redução de 68,2% em relação a outubro. A segunda safra de feijão no País deve cair 21%, para cerca de 1,02 milhão de toneladas. Já a segunda safra de milho deve registrar forte queda de 30,4%.

Em compensação, em relação às culturas de inverno, o IBGE estima a produção de 776.388 toneladas de aveia em novembro,  aumento de 2,6% em relação à previsão do mês anterior. Os dados foram influenciados pelo Paraná, com aumento de 15,4% na estimativa da produção, em decorrência de crescimento de 12,4% no rendimento médio e alta de 2,6% na estimativa da área colhida.

Para a cevada, a produção apresentou aumento de 6,9% em novembro ante outubro, totalizando 338.083 toneladas, com rendimento médio, de 3.806 kg/ha, alta de 7,0%. Os dados foram influenciados pelo resultado do Paraná, com uma estimativa de produção de 194.291 toneladas, representando um aumento de 12,6% frente ao mês anterior.

Com relação ao trigo, a produção do País deve alcançar 6.416.632 toneladas em 2016, aumento de 1,8% frente ao mês anterior, em decorrência da alta de 1,8% na estimativa do rendimento médio. Em novembro, o Paraná aumentou em 3,5% a estimativa da produção do trigo, devendo colher 3.383.850 toneladas em 2016.

“Essas revisões ocorrem porque melhoraram as condições climáticas para a safra de inverno. O clima foi mais propício, e teve reavaliação da estimativa. Com o avançar da época de colheita, as estimativas ficam melhores”, explicou Guedes.

Próxima safra

Segundo Guedes, a melhora no clima está por trás do prognóstico mais favorável para safra de 2017, que começa a ser plantada. Entre os principais produtos da safra de verão, é esperado aumento na produção de algodão herbáceo (7,1%), arroz (8,5%), feijão 1ª safra (25,0%), milho 1ªsafra (18,0%) e soja (7,8%). Os avanços nas culturas de arroz e feijão podem fazer País voltar a atender consumo interno no ano que vem, após a quebra de safra registrada em 2016.

A segunda estimativa para a safra nacional de arroz em 2017 espera uma produção de 11.286.442 toneladas, alta de 8,5% ante 2016, e rendimento médio de 5.838 kg/ha, 7,9% maior do que no ano anterior. Já a área plantada será 2,3% menor.

No caso do feijão de primeira safra, a produção deve ser 25,0% superior à de 2016, totalizando 1.423.886 toneladas. O salto resulta do acréscimo na área a ser colhida, estimada em 1.709.389 hectares, 21,6% maior que no período anterior, quando muitas lavouras da Região Nordeste foram afetadas pela seca.

O aumento das estimativas de área plantada e da área a ser colhida decorre também do bom preço do produto, que se manteve em um nível elevado durante todo o ano de 2016. Também há previsão do aumento no rendimento médio (2,8%), que poderá alcançar 833 kg/ha, se as boas condições climáticas forem mantidas.

O IBGE estima que a produção total de feijão no ano de 2017 supere 3,0 milhões de toneladas. “O feijão depende um pouco das outras safras, porque ainda temos segunda e terceira safras. Mas é possível que chegue bem próximo do consumo interno, se tivermos todas as condições boas ali. O arroz também, a produção de 11 milhões é bem próxima do nosso consumo”, lembrou o pesquisador.

Segundo Guedes, a estimativa para o consumo doméstico de arroz está entre 11 milhões e 12 milhões de toneladas, enquanto a do feijão fica em torno de 3,2 milhões de toneladas ao ano.