Dificuldade de crédito gera queda de investimento em armazenagem em Goiás

Acesso difícil aos recursos e aumento dos juros para equipamentos fez vendas em região do estado caírem 70%, diz representante de empresa

Fonte: Claudecir Cenedese

A maior dificuldade no acesso a crédito e o aumento dos juros no financiamento para equipamentos de armazenagem tiveram como reflexo a queda no investimento de agricultores em instalações para estocagem de grãos em Goiás.

José Clésio Bratti, representante da Alvo Agrícola, de Rio Verde, disse que houve queda de aproximadamente 70% nas vendas desse tipo de equipamento na região no ano passado.

“Quando o juro para esse tipo de produto foi de 4% para mais de 7%, os produtores tiraram o pé. Muitos que pretendiam comprar silos desistiram”, disse Bratti. Anunciado em junho do ano passado, o Plano Agrícola e Pecuário 2015/2016 prevê redução dos recursos destinados para armazenagem agrícola de R$ 4,5 bilhões para R$ 2,4 bilhões e elevação da taxa de juros de 4% ao ano para 7,5% até 9,5% ano.

A partir deste ano, no entanto, o representante espera que o nível de investimento em armazenagem volte a crescer na região de Rio Verde. “Teve muito produtor com problemas em armazém de terceiros, outro caso comum foi de gente que tentou alternativas mais baratas, mas perdeu muita qualidade”, explicou ele.

Além disso, segundo Bratti, os agricultores devem aproveitar a receita da venda da safra de soja, que deve ser volumosa na região, para voltar a investir. “O pessoal já está começando a se conformar com o aumento dos juros, pode ser que voltem a pensar em comprar equipamento de armazenagem”, comentou.

Estoques

No sudoeste de Goiás, produtores relatam que não há problemas com espaço para armazenagem da soja e de milho, mas a maioria concorda que ter armazém ou silo próprio pode ajudar o agricultor a conseguir melhores preços na venda.

“A gente nunca teve problema com falta de capacidade; Jataí está entre os municípios com maior capacidade estática de armazenamento”, afirmou Alceu Ayres de Moraes, que cultiva 300 hectares com soja e que não tem armazém.

Em um cenário de câmbio instável e aumento de custos para o produtor, entretanto, quem consegue estocar soja e milho, sem ter de pagar armazém de terceiros, tem maior chance de conseguir fechar bons negócios.

“Você tem maior conforto para segurar a safra, se o preço não está muito bom”, comentou Marcelo Prado de Castro, agricultor de Jataí com área semeada de soja de 500 hectares.

“Quando você não tem armazém próprio, mesmo que o preço suba em alguns meses, pode não compensar guardar, porque você tem um aumento de custo para carregar a safra.”