Especialistas alertam para cuidados com pragas e doenças no eucalipto

Cultivo da espécie pode ser rentável para o produtor, mas é preciso cuidado com o percevejo bronzeado, que pode matar as árvoresO cultivo de eucalipto pode ser muito rentável para o produtor que investir nesse tipo de cultura. Especialistas dizem que é necessário tomar alguns cuidados, pois o eucalipto pode causar pragas e doenças. Eles estudam maneiras de controlar doenças, que podem estragar toda uma área plantada.

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O silvicultor Silvio Mascarenhas tem uma área de 90 hectares de eucaliptos, em São José dos Campos, interior paulista. Ele explica que resolveu investir na cultura em 2008 e só no ano que vem vai poder colher. Durante o plantio, ele teve alguns problemas e apareceram pragas entre as árvores.
 
– O percevejo bronzeado apareceu no terceiro ano de plantio. Não chegamos a tratar, deixamos a natureza cuidar. Ele ataca muito durante o inverno, na seca, mas quando volta a chuva, a planta reage e se recupera sozinha – disse.
 
A praga conhecida como percevejo bronzeado promove uma redução na taxa fotossintética, causando desfolha, que, em alguns casos, pode matar as árvores. O problema não tem cura e prejudica produtores em todo o mundo. Desde 1940, o eucalipto é a árvore mais cultivada no Brasil, são mais de cinco milhões de hectares de árvores plantadas, segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Florestas (Abraf). A espécie é a mais usada em reflorestamentos.
 
– Eu só vi vantagem, não vi desvantagem. O eucalipto é muito bom pra controle de erosão, além de ser rentável. Demora sete anos, mas é um investimento que você faz como se fosse uma poupança – garante o silvicultor.
 
Especialistas explicam que o eucalipto não é nativo do Brasil e desde que foi introduzido na América do Sul trouxe junto algumas pragas e doenças. Entre elas a formiga cortadeira, as manchas e a erva daninha. Muitos produtores acabam gastando muito para evitar essas doenças.

Um simpósio organizado com especialistas na área, realizado em Piracicaba, em São Paulo, discutiu maneiras para se controlar as principais pragas do eucalipto. Os palestrantes apresentaram maneiras mais práticas e econômicas de enfrentar os problemas da silvicultura. O engenheiro agrônomo, Rudolf Woch acredita que é possível se prevenir utilizando herbicidas antes do ataque de algumas doenças.
 
– O que está acontecendo hoje é uma mudança de conceito. O manejo que é feito em pós-emergência, passa a ser feito em pré-emergência. Se faz uma limpeza de área, normalmente com glifosato, e se realiza preparo do solo e aplicação do herbicida e em seguida o plantio. O objetivo disso é evitar que o mato nasça junto com a floresta. Assim, é possível uma redução de custo no manejo de planta daninha da ordem de 20% a 40% se comparado o manejo tradicional – destaca Woch.
 
No simpósio também foram discutidas medidas que não tragam prejuízos para os produtores. O coordenador do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais Protef/IPEF, Luis Renato Junqueira, explica que muitos gastam com diversos tipos de herbicidas, que em muitos casos matam as próprias árvores, que não resistem à força dos venenos.

– A produção de eucalipto tem poucos produtos registrados no Ministério da Agricultura, e isso acaba impactando na rentabilidade do produtor, seja do pequeno ou do grande. O que o pessoal do eucalipto tem feito, hoje, é trazer novas soluções, com controle biológico e com o manejo da paisagem para minimizar essas perdas por pragas ou doenças. A gente tem tentado trabalhar com o manejo da paisagem trazendo novos venenos e aliar a outras formas de controle, o biológico e até o próprio manejo bem feito, que vai garantir uma minimização dos lucros, das perdas para o produtor – explica.