EUA: negociação com China avança, mas ainda enfrenta obstáculos

Os chineses decidiram encerrar uma investigação sobre práticas de dumping envolvendo o sorgo importado dos Estados Unidos que na prática havia interrompido as vendas do produto norte-americano ao mercado chinês

Fonte: Pixabay

A China começou a reduzir as tensões com os Estados Unidos durante as negociações comerciais entre os dois países em Washington, que hoje entraram no segundo dia. Os chineses decidiram encerrar uma investigação sobre práticas de dumping envolvendo o sorgo importado dos Estados Unidos que na prática havia interrompido as vendas do produto norte-americano ao mercado chinês. O argumento de Pequim para suspender a medida foi que a tarifação punitiva do sorgo “afetaria o custo de vida dos consumidores” na China.

A decisão, no entanto, tem implicações mais amplas. Os dois lados estão negociando um acordo para os Estados Unidos afrouxarem sanções aplicadas à empresa chinesa ZTE em troca de uma suspensão das restrições e tarifas chinesas a produtos agrícolas norte-americanos.

A Casa Branca acusa os chineses de roubar propriedade intelectual norte-americana e pressionar empresas dos Estados Unidos a transferir tecnologia. Por isso, ameaçou tarifar o equivalente a US$ 150 bilhões em bens importados da China. Pequim disse que iria revidar.

Uma das principais demandas de Washington é que até 2020 a China diminua de US$ 375 bilhões para US$ 200 bilhões o superávit comercial que possui com os Estados Unidos. A exigência foi feita mesmo depois de economistas chineses e dos Estados Unidos afirmarem que o saldo reflete dinâmicas de investimento e poupança entre as duas nações, não a política comercial.

Pequim rejeitou as condições impostas pelos Estados Unidos e desmentiu reportagens dizendo que havia aceitado estes termos. Os negociadores, no entanto, tentam chegar a um acordo para a China importar mais bens e serviços dos Estados Unidos para mostrar que os dois lados estão trabalhando de forma construtiva, deixando a disputa em segundo plano por algum tempo. O acordo encerraria as acusações de Washington a respeito do roubo de propriedade intelectual pelos chineses, segundo pessoas informadas sobre as negociações.

Ainda assim, as conversas entre as duas partes de forma geral foram contenciosas e nenhum dos dois lados quis fazer concessões em temas fundamentais, disse uma destas pessoas.

Uma das fontes disse que a China se comprometeu a comprar mais produtos agrícolas dos Estados Unidos se o país deixasse de restringir as exportações de alguns itens de tecnologia que hoje não podem entrar no mercado chinês por decisão da Casa Branca.

Mesmo assim, as importações chinesas de produtos dos Estados Unidos cresceriam em torno de US$ 50 bilhões a US$ 60 bilhões nos próximos dois anos, número que está longe do objetivo de Washington.