Importação de cacau no primeiro semestre bate recorde

O clima desfavorável prejudicou as lavouras e aumentou a dependência da indústria pela importação 

Fonte: Léo Junior/Seag

O Brasil importou 54 mil toneladas de cacau no primeiro semestre do ano, registrando a máxima histórica dos últimos 16 anos. A baixa produção aliada aos estoques menores aumentou a dependência das importações para suprir a demanda das indústrias, que processaram 113 mil toneladas no período.

Com um clima pouco favorável prejudicando as lavouras cacaueiras na Bahia, a produção brasileira do produto no primeiro semestre de 2017 foi impactada e teve o segundo pior desempenho dos últimos sete anos para o período.

“A produção brasileira foi prejudicada pelas chuvas fora de época na Bahia, estado que na safra 2015/2016 foi responsável por 66% da produção de cacau no Brasil”, explica o analista de mercado da INTL FCStone, Fábio Rezende.

Mesmo que seja característico que os dois primeiros trimestres do ano, período em que ocorre a colheita do temporão, tenham uma menor produção, a safra estimada de 65 mil toneladas foi a segunda pior dos últimos sete anos, ficando à frente somente do observado no ano passado, quando foram colhidas somente 45 mil toneladas.

O volume de chuvas observado na mesorregião do sul baiano entre abril e agosto, meses de colheita do temporão, foi de 585 milímetros em 2017. Em 2016, ano caracterizado por uma forte estiagem, choveu cerca de 406 milímetros no período e, na média dos últimos dez anos, o volume precipitado foi de 470 milímetros.

Mesmo que chuvas sejam benéficas ao cacaueiro nos períodos mais quentes do ano, a cultura precisa de um período mais seco para conseguir florescer e gerar o fruto. Além disso, a estiagem se faz necessária também para facilitar a colheita e secagem do cacau.

Estoques
Devido aos elevados volumes importados nos últimos 12 meses, os estoques nacionais de cacau apresentaram uma tendência de recuperação, passando de cerca de 66 mil toneladas no final do terceiro trimestre de 2016 para 83 mil toneladas no último mês, volume que já supera a média de cinco anos.