Técnica de irrigação alia produtividade na lavoura a uso sustentável da água

Sistema por gotejamento é de fácil implementação e o produtor economiza água e não perde em produçãoO uso da tecnologia na agricultura pode reduzir perdas de água e aumentar a produtividade das culturas com racionalidade e sem desperdício. Experiências desse tipo já são feitas por agricultores familiares no Núcleo Rural Boa Esperança, em Ceilândia, no Distrito Federal.

Fonte: Marcelino Ribeiro/Embrapa

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a agricultura é responsável hoje por 70% do consumo total de água do planeta. Diminuir esse número é possível, usando tecnologia e bom manejo. O sistema de gotejamento é um exemplo.

A tecnologia consiste na instalação de uma ou duas mangueiras com pequenos furos, posicionadas no pé da planta e protegidas por um plástico que ajuda a reter a umidade no solo.

O agricultor Edivan Ferreira Machado, do Núcleo Rural Boa Esperança, usa em sua propriedade o gotejamento para irrigar os 20 canteiros de hortaliças, onde planta jiló, maxixe, quiabo, couve-flor, pimentão, entre outras culturas.

É uma tecnologia eficiente para garantir uma lavoura saudável o ano todo e otimizar o consumo de água, garante a engenheira agrônoma da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) Maíra Teixeira de Andrade.

– A instalação do gotejo é mais cara, mas tem uma série de vantagens em relação à tradicional aspersão. A eficiência de economia de água é bem maior porque a irrigação é localizada, nas raízes das plantas – diz.

A técnica da Emater-DF explica que esse é um sistema de fertirrigação.

– Os agricultores não precisam fazer adubação de cobertura, porque existe um controle na saída da tubulação, com um filtro, que mistura o adubo na água, então há também uma economia de fertilizantes – comenta.

Outras vantagens são a facilidade na mão de obra e a prevenção das pragas e doenças, já que o sistema não molha as folhas das plantas, impedindo a disseminação de fungos.

Machado conta que há 15 anos é proprietário da área de seis hectares e que, até então, não conhecia a técnica de gotejo.

– A mão de obra é mais fácil e o sistema não fica molhando o que não deve, além disso, conseguimos aumentar a produtividade – ressalta o agricultor, que vende seus produtos na Feira do Produtor de Ceilândia e também para o Programa de Aquisição de Alimentos, do governo federal.

Maíra explica que o sistema de irrigação e a quantidade de água variam de uma cultura para outra. Segundo ela, é importante também fazer o monitoramento do solo na hora de decidir sobre a irrigação.

A agrônoma acrescenta que a irrigação é feita por tempo de molhamento e que ela precisa ser feita na quantidade certa, porque a planta também afoga.

– Meia hora de gotejo, com duas mangueiras, é suficiente – completa o agricultor Edivan Machado.

No Brasil, a agricultura familiar responde por cerca de 40% da produção agrícola, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e por 70% dos alimentos que entram no prato do brasileiro.