Boi: confinamento no Brasil deve crescer 5,5%

A primeira estimativa era de 4 milhões de cabeças, o que representaria um aumento de 25% ante o ano passado

Fonte: Adapec-TO

O número de bovinos confinados em 2017 deve ficar em 3,38 milhões de animais, em um ano com fortes oscilações na intenção de engordar os animais no cocho, segundo levantamento da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon), realizado em 1.400 unidades. Este número significa um crescimento de 5,5% em relação ao apurado no ano passado, mas ficou abaixo da expectativa inicial da associação que era de 4 milhões de cabeças.

Em 2017, a Assocon realizou a pesquisa em quatro momentos diferentes. No começo do ano, a perspectiva era de 4 milhões de cabeças, o que significaria um crescimento de 25% ante o ano anterior.

Em junho, após eventos como a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, e delações da JBS, a estimativa caiu para 3,24 milhões de cabeças. Já em setembro, cresceu para 3,28 milhões.

“A expectativa diminuiu nestes momentos por conta dos preços no mercado futuro de boi gordo (na B3) e depois voltou a crescer, mas não é possível recuperar tudo porque o confinamento tem uma janela de produção”, disse o gerente executivo da entidade, Bruno Andrade, em evento sobre as perspectivas para o setor, realizado em São Paulo. “Além do que, quando começou haver uma retomada da intenção de confinamento, outros fatores mudaram, como o aumento do preço do milho”, acrescentou.

No segundo semestre, os preços do boi gordo, pronto para o abate, voltaram a subir e Andrade acredita que até o fim do ano o valor da arroba, que está por volta de R$ 143, em São Paulo, não deve apresentar fortes oscilações. “Antes prevíamos que novembro fosse mais difícil, isso não aconteceu de forma tão massiva”, disse.

A primeira pesquisa de intenção de confinamento da Assocon para 2018 aponta para um cenário de estabilidade a leve crescimento com uma perspectiva que vai de 3,4 milhões a 3,8 milhões de cabeças confinadas, nas 1.400 unidades pesquisadas.

Andrade disse que o preço da reposição deve recuar ao longo do ano em um cenário de maior oferta de animais previsto para o próximo ano. Já o preço da ração, composta basicamente por milho, pode oscilar para cima no começo do ano.

Modelo de produção

A pecuária intensiva brasileira deve se encaixar em um sistema de produção de carne barata e eficiente para atender o crescimento da demanda mundial por alimentos, disse o presidente do Conselho de Administração da Assocon, Alberto Pessina, durante o evento.

Para Pessina, o Brasil é “um dos países que tem capacidade para suprir a demanda mundial por alimentos na próxima década”. Ele afirmou que o Brasil deve responder por boa parte das exportações globais até 2026.

Segundo ele, a produção brasileira de alimentos precisa crescer 13% para suprir o aumento de 7% da demanda interna, além da elevação de 31% nas exportações.

O presidente aposta no crescimento da utilização da pecuária intensiva no longo prazo, paralelamente ao aumento dos preços das terras. Ele afirma que a pecuária deve migrar para terras menos produtivas e, com isso, deverá elevar a produtividade, utilizando técnicas mais avançadas. “E o confinamento é uma delas”, disse. “Temos de produzir mais em menos espaço”, concluiu.