Preço do boi gordo não tem força para subir

Redução de poder aquisitivo da população fez com que aumento sazonal esperado para o período não ocorresse 

Fonte: Flavya Pereira/Canal Rural

Em São Paulo o mercado do boi gordo tem trabalhado estável. Conforme a Scot Consultoria, a situação heterogênea de programações de abate gera este cenário. Indústrias com programações maiores testam o mercado, mas frigoríficos com escalas mais curtas encontram uma oferta limitada pela época do ano.

Na Bahia, a disponibilidade de boiadas está boa devido às vendas originadas pela má situação das pastagens, causada pela falta de chuvas. Há pressão de baixa, mas as cotações se mantiveram. Em Mato Grosso, apesar de a oferta não estar boa devido ao final das vendas de animais confinados e ao período de final de ano, que tipicamente diminui as negociações, parte dos frigoríficos maiores saíram das compras, o que dá certa folga às empresas de menor porte.

Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul as chuvas têm atrapalhado os embarques em algumas regiões.

Venda

O mercado atacadista de carne bovina está sem força para reajustar as cotações em dezembro. Na média geral da última semana os preços ficaram estáveis. Segundo a Scot, o sazonal aumento de vendas neste mês parece não ter ocorrido.

“A oferta de boiadas está curta e o mercado não tem abundância de carne, mesmo assim, não há fôlego para altas do produto”, afirma a consultoria.

As exportações têm ajudado no escoamento, mas, pelo comportamento dos preços nos frigoríficos, sem impacto nas cotações. O resultado da média diária de embarques da primeira semana, que vinha em queda, apresentou recuperação no final da primeira quinzena, e está 4,8% maior que em 2014, no mesmo mês.

Cenário

Com a inflação (IPCA) projetada para 10,61% em 2015, segundo o Boletim Focus de 11 de dezembro de 2015, dois pontos percentuais acima da alta do salário mínimo este ano, o poder de compra real da população diminuiu. Em 2014, por exemplo, o salário havia subido 6,7% contra uma inflação oficial de 6,4%, mantendo a capacidade básica de consumo.

Esse cenário contrasta com a margem de comercialização das indústrias que fazem a desossa, que está acima dos 24,0%, 7,2 pontos percentuais acima do resultado do mesmo período do ano anterior.

redução da capacidade de abate em 2015, resultado do fechamento de dezenas de plantas, que reduziu naturalmente a pressão de compra, somada à forte resistência das indústrias em pagar mais pela arroba, fez a diferença entre o preço da matéria-prima e a receita da indústria aumentar gradativamente.