Café é aliado contra doenças cardíacas, diz pesquisa

As doenças cardiovasculares são consideradas a principal causa de morte entre a população mundial

Fonte: Pixabay

Uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que o consumo de uma xícara de café por dia pode ser suficiente para trazer benefícios ao coração. Segundo a análise, o efeito protetor contra fatores de riscos para doenças cardiovasculares vem dos compostos fenólicos encontrados em quantidade razoável na bebida mais tradicional do desjejum dos brasileiros. A pesquisa levou em conta o comportamento de 550 pessoas que vivem na capital paulista.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são consideradas a principal causa de morte entre a população mundial. Números da entidade mostram que, se não forem bem trabalhadas as políticas públicas de saúde e de prevenção, a estatística de mortalidade que hoje é de 17,3 milhões de pessoas passará para mais de 23,6 milhões em 2030.

As razões que levaram a autora da pesquisa, Andreia Miranda, doutoranda da FSP, a escolher o café como objeto de sua pesquisa foram o fato de o café ter grande presença no dia a dia das pessoas. “Embora tenha teor semelhante de polifenóis ao das frutas e verduras, a bebida acaba tendo maior contribuição nutricional porque o consumo diário dele é mais frequente. Cerca de 70% dos polifenóis ingeridos dos alimentos pelos paulistanos têm como fonte o café”, disse ela ao Jornal da USP.

Metodologia da pesquisa

O consumo diário de café e a ingestão de seus polifenóis foram avaliados em homens e mulheres com idade acima de 20 anos. Além da dieta, o questionário aplicado aos entrevistados considerou informações sociodemográficas e de estilo de vida (idade, sexo, raça, renda familiar per capita, atividade física e tabagismo). Houve também coleta de sangue para referências bioquímicas (glicose, triglicérides, colesterol total, HDL e LDL, e a homocisteína, um aminoácido presente no sangue que está relacionado a riscos de eventos cardiovasculares), além de medição antropométrica (peso e altura) e aferição da pressão arterial.

O consumo de café foi dividido em três grupos: quem bebia menos de uma xícara de café por dia; os que tomavam de uma a três; e os que ingeriam três ou mais xícaras diariamente. Os indivíduos que consumiram de uma a três xícaras de café por dia reduziram em 55% a chance de ter pressão alta sistólica e em 56% pressão alta diastólica quando comparados aos indivíduos que consumiram menos de uma xícara. O mesmo se verificou com a homocisteína: houve uma redução em 68% de chance de ter níveis aumentados de homocisteína no sangue. O mesmo resultado não foi observado naqueles indivíduos que consumiram mais de três xícaras de café por dia.

Dessa forma, ficou demonstrado que o efeito protetor do café para o coração ocorreu apenas para aqueles que tiveram um consumo moderado, afirmou a pesquisadora. E independentemente da forma como é consumido (com leite, chá, expresso ou coado), as concentrações de polifenóis na bebida são mantidas.

Os compostos fenólicos estão presentes nos alimentos de origem vegetal em geral – verduras, legumes, frutas, cereais e leguminosas, nas bebidas alcoólicas (vinho e cerveja) e não alcoólicas (chás, café, cacau, suco de frutas e de soja). Os polifenóis têm demonstrado ação protetora na prevenção de várias doenças crônicas como as cardiovasculares, alguns tipos de cânceres, osteoporose, doenças neurodegenerativas e diabetes mellitus.

O artigo sobre a pesquisa foi publicado, em inglês, no Nutrients Open Access Human Nutrition Journal, Basel, da Suíça e pode ser conferido na íntegra no site da instituição.