Cafeicultura é prejudicada por ausência de recursos do Pronaf

Produtor de São Paulo terá de repetir colheita manual por mais uma safra, por não conseguir comprar tratorCafeicultores do estado de São Paulo estão com dificuldades para conseguir financiamentos de custeio e também para a compra de máquinas. Falta pouco para começar a colheita e a falta de crédito preocupa os produtores.

Fonte: Fabiano Bastos/Arquivo Pessoal

A seca do ano passado prejudicou o desenvolvimento dos pés de café. Por isso, a expectativa na região do município paulista de Espírito Santo do Pinhal é colher 20% menos. Cerca de 270 mil sacas de 60 Kg.

Fora as dificuldades impostas pelo clima, os cafeicultores estão sofrendo para obter crédito. Celio Beli foi um dos que procurou financiamento pelo Pronaf, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, mas não conseguiu.

– A seca já judiou e agora mais ainda. Então, vai ficar difícil, bastante difícil – lamenta o cafeicultor.

Parte do cafezal do produtor já tem as ruas preparadas para a máquina passar e ser feita a colheita mecanizada. Este seria o primeiro ano em que o cafeicultor faria a colheita mecanizada por conta própria. Faria, caso ele conseguisse comprar um trator novo. Mas, aoq eu tudo indica, o trator não chegará até o início da colheita, agora em maio.

– A colheita nossa é manual ainda. Eu contrato turma e a gente faz tudo manual. Agora, eu estava comprando um trator pra colher com colhedeira, mas eu fui financiar pelo Pronaf, a gente entrou com a papelada e tudo, era uma burocracia pra pegar a papelada toda. Na hora, que eu peguei a papelada, o banco me chamou e me disse que cortou o dinheiro do crédito do Pronaf. Não tem mais dinheiro pra Pronaf. Então, eu não vou conseguir o trator. Eu acho que pra colheita vai ser manual de novo – relata Beli.

A colheita manual é em média três vezes mais cara que a colheita mecanizada. Beli diz que tem uma reserva de capital para os gastos com a colheita, mas nem todo mundo é tão precavido. O gerente da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Pinhal (Coopinhal ) diz que a escassez de crédito é generalizada e deve prejudicar quem precisa de dinheiro para custear a colheita. Pior vai ser se a situação continuar no segundo semestre, quando é necessário investir em adubos e defensivos para a lavoura.

– A gente está muito preocupado, a falta de crédito vai fatalmente influenciar na produção. O produtor vai investir menos na lavoura, vai ter menos produto. Não é só o café, é toda a cadeia de alimentos que vai sofrer com esta falta de crédito e isto certamente vai influenciar na inflação de alimentos – projeta o gerente-geral da Coopinhal, Daniel Gozzoli.