Datagro mantém previsão de 612 mi de t de cana na safra 2017/2018 no Centro-Sul

Considerando também usinas do Norte e Nordeste, moagem nacional deve atingir 657 milhões de toneladas

Fonte: Reprodução/Canal Rural

As usinas e destilarias do Centro-Sul do Brasil processarão 612 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2017/2018, cujo início oficial é no próximo mês, de acordo com a nova estimativa da consultoria Datagro, feita nesta terça-feira, dia 21, em Ribeirão Preto (SP). O volume é o mesmo da primeira previsão, feita em 31 de janeiro, e 1,1% maior na comparação com o total de 605,5 milhões de toneladas moído em 2016/2017. Considerando o Norte-Nordeste, a moagem nacional deve atingir 657 milhões de toneladas, ou 4 milhões a menos que as 661 milhões de toneladas previstas em janeiro.

“Os canaviais do Centro-Sul têm desenvolvimento muito satisfatório, o clima é bom, o trato cultural é melhor e teremos uma melhor qualidade de matéria-prima. A grande preocupação é no Nordeste que, com os impactos da seca, deve encerrar 2017/18 com 45,7 milhões de toneladas e em 2017/18 será de 45 milhões de toneladas”, afirmou Plinio Nastari, presidente da Datagro, durante o seminário de abertura da safra, organizado pela consultoria e pelas corretoras de seguro Marsh e AD, em Ribeirão Preto (SP).

Para a Datagro, o mix de destino na temporada deve ficar em 47,4% da oferta de matéria-prima para açúcar e, para o etanol, em 46,3%. A fabricação do açúcar deve aumentar 3,3%, para 36,80 milhões de toneladas. Já a produção de etanol tende a cair 1%, para 25,31 bilhões de litros. As duas estimativas também foram mantidas.
Levantamento feito pela Datagro com 170 usinas do Centro-Sul, 73 delas iniciarão a moagem da safra 2017/2018 até fim de março, outras 63 até a primeira quinzena de abril. “Até o fim do próximo mês, 160 das 170 usinas estarão operando”, disse Nastari.

Ainda segundo a Datagro, após dois anos de déficit global de açúcar, a safra global 2017/2018 (de outubro de 2017 a setembro de 2018), pode voltar a ter um superávit, estimado em 1,5 milhão de toneladas, cenário, no entanto, que pode migrar para um déficit de 2,2 mi de toneladas. “A safra ainda será de preços bons, com preços de exportação entre 19 cents e 21 cents (por libra peso)”, concluiu Nastari.

Exterior

A queda nos preços do açúcar no início deste ano é um dos pontos que chamam atenção do setor. O aumento de produção em países como Índia, China e Ucrânia pode resultar em um aumento de 10,5 milhões de toneladas ofertadas no mercado externo.

Para o diretor comercial da Louis Dreyfus, Carlos Franco, essa adição vai gerar até 1,5 milhão de toneladas de superávit entre produção e consumo na safra que termina em setembro nesses países. “Qualquer problema climático que tiver, nas monções da Índia ou no inverno russo, pode provocar uma queda importante na produção de açúcar”, disse.

Outro ponto que preocupa o setor é o aumento das importações de etanol americano no início deste ano, o que tem pressionado os preços do combustível no mercado interno. “Na nossa visão o correto seria que a importação fosse feita em paridade com a produção doméstica”, afirmou Plínio Nastari.

Segundo os especialistas, um dos pontos que podem favorecer a cadeia produtiva é a redução na taxa de juros, facilitando o acesso às linhas de crédito. Parte desse volume deve ser utilizado para pagamento da dívida do setor, que em anos anteriores chegou a quase US$ 100 milhões.

“No ano passado tivemos os melhores preços domésticos no brasil dos últimos 40 anos, ainda é uma ano em que você precisa diminuir a exposição financeira alongando as dívidas e diminuindo o montante”, disse o consultor da Datagro Guilherme Nastari.

Para os produtores rurais, a expectativa é de preços maiores este ano, o que vai se refletir em mais investimentos nas lavouras. “Fechamos agora com R$ 0,70 o quilo de ATR,  mlhorrou bem e é o mesmo patamar que a gente espera para a próxima safra”, disse o presidente da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste de São Paulo (Canaoeste), Manoel Ortolan.