Moagem de cana atinge 22 milhões de toneladas

Apesar do avanço, a produção de açúcar ficou praticamente identifica à registrada na temporada 2017/2018

Fonte: Embrapa

A moagem da região Centro-Sul atingiu de 22,21 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na primeira quinzena de abril, afirma a consultoria Safras & Mercado. O resultado representa um avanço de 25,64% em relação as 17,68 milhões de toneladas processadas no mesmo período da safra 2017/2018.

Apesar da maior moagem, a produção de açúcar na primeira quinzena do mês ficou praticamente identifica àquela registrada em 2017/2018: 713,77 mil toneladas foram produzidas esse ano, contra 707,22 mil toneladas em igual período do ano anterior. Esse movimento decorre da redução significativa observada na produção de açúcar por tonelada de cana-de-açúcar nesse início de safra. Na primeira metade de abril deste ano, a produção de açúcar por tonelada de cana alcançou apenas 32,13 quilos, registrando queda de 19,67% na comparação com os 40 quilos por tonelada de cana-de-açúcar verificados em 2017.  

Nessa mesma direção, a proporção de cana-de-açúcar direcionada à fabricação de etanol atingiu expressivos 68,50% no início de abril de 2018, contra 60,63% contabilizados no mesmo período da safra 2017/2018.

O diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, explica que “se a produção de açúcar por tonelada de cana neste ano tivesse sido mantida, o total produzido na primeira quinzena atingiria quase 900 mil toneladas”. Em outras palavras, cerca 200 mil toneladas de açúcar deixaram de ser fabricadas na primeira metade de abril em função da reversão do mix de produção para etanol, concluiu o executivo.

Com isso, o crescimento da produção de etanol na primeira metade do mês atingiu 44,65%, com 993,26 milhões de litros fabricados em 2018 ante 686,66 milhões observados na safra anterior. Do total produzido nesse ano, 136,97 milhões de litros foram de etanol anidro e 856,29 milhões de etanol hidratado.

Esse volume incorpora 26,82 milhões de litros produzidos de etanol de milho, sendo 18,26 milhões de litros de etanol hidratado e 8,56 milhões de litros de anidro. A menor fabricação de etanol anidro já era esperada, pois a regulamentação vigente exige que usinas e distribuidores iniciem a safra com cerca de 45 dias de estoque de etanol anidro, reduzindo, portanto, a necessidade de produção do biocombustível nesse período.

Esse fator também explica o reprocesso e conversão de 40 milhões de litros de etanol anidro em etanol hidratado na primeira metade de abril. Em relação ao número de usinas em operação, neste ano 170 empresas registraram moagem até dia 15 de abril, contra 162 unidades industriais em igual data do último ano.

Na segunda quinzena do mês, outras 57 empresas devem iniciar o processamento na safra 2018/2019 “Na safra 2018/2019 podemos observar até nove unidades produtoras encerrando as suas operações em função da menor oferta de cana ou da difícil condição financeira, sendo três plantas no Paraná, uma no Mato Grosso do Sul, uma no Rio de janeiro e quatro empresas em São Paulo”, acrescentou Rodrigues.

Vendas de etanol

O volume de etanol comercializado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul nos primeiros quinze dias de abril de 2018 somou 878,02 milhões de litros, sendo 16,06 milhões de litros para exportação e 851,96 milhões de litros para o mercado doméstico, que registrou alta de 12,80% na comparação com o volume observado em igual período de 2017.

No mercado doméstico, as vendas de etanol anidro alcançaram 262,41 milhões de litros e as de etanol hidratado totalizaram 599,55 milhões de litros, com impressionante crescimento de 29,40% em relação aos 463,32 milhões de litros de hidratado vendidos na mesma quinzena da safra 2017/2018.

Para o diretor da Unica, “as vendas de hidratado ao mercado interno começaram aquecidas desde o início da safra e devem ser ampliadas nas próximas semanas quando a queda de preço observada no produtor for integralmente repassada aos consumidores”.

“Neste ano, a demora no repasse de preços está muito grande. Mesmo considerando uma possível recomposição da margem bruta de comercialização dos agentes para o padrão histórico, o preço de bomba do hidratado em São Paulo deveria ter caído R$ 0,23 por litro para retratar a queda observada no valor praticado pelas usinas”, acrescentou o executivo.