SP: produtores de cana afirmam não terem sigo pagos pela empresa Abengoa

Alguns agricultores de São João da Boa Vista relatam que estão sem receber há quase sete meses. Empresa nega que tenha atrasado os pagamentos a seus parceiros

Fonte: Suelen Farias/Canal Rural

Fornecedores de cana-de-açúcar na região de São João da Boa Vista (SP) dizem que estão sem receber da Abengoa Bioenergia. A empresa, que opera uma usina no município, informou na semana passada ter antecipado o pagamento de suas dívidas com os parceiros. Mas os produtores, sob condição de anonimato, relataram que isso ainda não ocorreu.  Um deles afirmou que o cronograma para zerar os débitos prevê o pagamento de 30% das dívidas, estimadas em R$ 500 milhões, nos próximos três meses e renegociação dos outros 70%.

O acordo entre a Abengoa Bioenergia e fornecedores ocorreu no fim de janeiro, após a empresa derrubar parcialmente a liminar relacionada ao arresto de seus bens. A companhia se comprometeu a quitar suas dívidas com os produtores a partir do dia 15 de fevereiro, mas ainda na semana passada informou que iria antecipar os pagamentos. 

“Era para ter saído alguma coisa na semana passada, mas ainda não tivemos nenhuma informação a respeito. Estamos apreensivos, porque os produtores ficam em uma situação difícil”, afirmou o gerente Técnico da Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba (SP), José Rodolfo Penatti. Em São João da Boa Vista, existem produtores sem receber há quase sete meses.

Os problemas enfrentados pela Abengoa Bioenergia começaram em novembro do ano passado, quando pediu pré-recuperação judicial na Espanha. Com sede em Sevilha, a companhia opera, além da planta de São João da Boa Vista, uma usina em Pirassununga, também no interior paulista. Por temporada, a capacidade total de moagem supera 6 milhões de toneladas de cana.

A empresa chegou ao país em 2007 após adquirir o controle da Dedini Agro por R$ 1,3 bilhão e assumir R$ 730 milhões em dívidas. Um ano depois, houve a crise mundial de liquidez e o início da crise do setor de etanol, com o governo segurando o preço da gasolina. Em 2014, o braço sucroenergético da companhia espanhola registrou prejuízo líquido de R$ 140,9 milhões no Brasil, ante outra perda líquida de R$ 151,7 milhões em 2013.

Outro lado

A Abengoa Bioenergia enviou o release abaixo a respeito do assunto:

A Abengoa Bioenergia Brasil, que controla as Usinas São Luiz e São João, localizadas respectivamente em Pirassununga e São João da Boa Vista, já iniciou os pagamentos junto aos seus parceiros dentro do cronograma de reestruturação financeira traçado pela empresa no mês passado. Além de antecipar a quitação parcial das dívidas, inicialmente programado para o dia 15 de fevereiro, a Abengoa dentro do compromisso assumido, já está pagando a primeira parcela de todos os fornecedores independentemente do valor de cada credor.

“Após assumirmos compromissos com vários setores preocupados com nossos problemas, entendemos que antecipar esse pagamento em 10 dias mostra a todos que o principal objetivo neste momento é dar ainda mais credibilidade ao processo de reestruturação financeira que traçamos ao longo do mês de janeiro”, afirma o diretor Rogério Ribeiro Abreu dos Santos. De acordo com Abreu dos Santos, a Abengoa está depositando para cada parceiro o valor acordado até sexta-feira, dia 05 de fevereiro.

Ao mesmo tempo que elogia o comportamento das entidades que sentaram com a Abengoa Bioenergia Brasil para colaborar nesse cronograma de reestruturação financeira, Abreu dos Santos também aproveita para ressaltar, mais uma vez, que a empresa não entrou em processo de Recuperação Judicial. “Volto a afirmar que não entramos e nem pretendemos entrar em Recuperação Judicial. Estamos focados em ações que aumentem nosso fluxo de caixa e em cumprir com os compromissos assumidos e com nossas responsabilidades, continuando com a operação e manutenção das usinas”, finaliza o diretor.