Greening na citricultura atinge 17,9% das plantas

Incidência da doença cresceu 159% desde 2012, diz Fundecitrus

Fonte: Divulgação

Levantamento do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) aponta que a incidência de greening (HLB), principal praga da citricultura mundial, cresceu 159% no parque citrícola comercial brasileiro – em São Paulo e regiões do Triângulo e sudoeste de Minas Gerais – desde 2012 quando foi realizada a última apuração.

Os dados mostram que um total de 35 milhões de plantas, ou 17,9% do total, estão doentes, 44% delas com sintomas severos, o que traz uma perda de produção ao redor de 50% nas árvores afetadas.

A macrorregião mais prejudicada é a Sul, em pomares no entorno dos municípios paulistas de Limeira, Porto Ferreira e Casa Branca. Essa região tem 42,5% das plantas dos seus pomares com sintomas do HLB. Em seguida está a macrorregião Central, que engloba regiões de Matão, Brotas e Duartina, com 23,57% de suas laranjeiras afetadas.

Para o estudo, o Fundecitrus avaliou, entre junho e julho, 24,2 mil plantas em todas as regiões do parque citrícola, estratificadas de acordo com variedade, idade e tamanho de propriedade. Foram observados a presença ou ausência de sintomas e sua severidade. Após a vistoria de campo, foi feita uma auditoria com novas inspeções e análise laboratorial.

Causada por uma bactéria, o greening não tem cura, causa diminuição do tamanho e queda dos frutos e o único controle indicado para a doença é o manejo por meio da erradicação das plantas doentes, do plantio de mudas sadias e ainda a pulverização dos pomares com inseticidas para controlar o inseto transmissor, a Diaphorina citri.

CVC

Apesar da disparada nos casos de greening nos últimos três anos, a boa notícia vem da queda de 82% na incidência de Clorose Variegada dos Citros (CVC), conhecida como “amarelinho”. Atualmente, apenas 6,77% das laranjeiras do parque citrícola apresentam sintomas. O último levantamento, de 2012, apontava que 37,57% das plantas tinham CVC.  

Para o Fundecitrus, a CVC recuou em plantas de todas as idades e se tornou praticamente inexistente nas com até dois anos de plantio. Também houve redução expressiva nas plantas acima de 10 anos, já no início do ciclo de maior produtividade, cuja incidência foi de 61,33% em 2012 para 13,67% em 2015.

Segundo o gerente-geral do Fundecitrus, Antonio Juliano Ayres, surgida há 20 anos, a CVC pode ser considerada controlada hoje, por conta das medidas de manejo adotadas desde então e pela maior facilidade de controle da cigarrinha, vetor da doença.

– Nem o mais otimista poderia pensar nesses índices atuais. Já o greening, diferentemente da CVC, não depende só de um produtor, depende de uma estratégia conjunto, porque o vetor se movimenta mais – disse.

Ainda segundo ele, o crescimento do greening é preocupante e, além da falta de uma estratégia coletiva para o combate da doença, a alta ocorre em pomares onde o produtor não fez o manejo necessário e deixou de erradicar plantas doentes.

– Mesmo assim, as ações tomadas até agora são positivas, pois o parque citrícola brasileiro é o único exemplo comercial do que mostra a doença ainda em níveis relativamente baixos – concluiu Ayres.