Mulheres contam segredos para o sucesso no campo

Exemplos de experiências bem sucedidas, elas falam como conseguiram superar as barreiras e conquistar o espaço no agronegócio

Fonte: Fábio Santos/Canal Rural

A Expointer, em Esteio, no Rio Grande do Sul, já começou cheia de assuntos interessante. Neste sábado, dia 27, um fórum destinado para as empreendedoras do campo trouxe casos de sucesso de mulheres que enfrentaram grandes desafios e venceram no mundo do agronegócio.

Ao todo, seis convidadas falaram da importância da especialização no meio rural e o lado humano ao lidar com colaboradores e suas famílias. Esse conhecimento a empresária Yara Suñe, que também é diretora da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), obteve assim que teve a responsabilidade de assumir a propriedade deixada pelos pais quando ela tinha apenas 24 anos. “Foi nesse momento que eu me cerquei de técnicos experientes, pois as faculdades preparam a gente para produzir, mas não para gerenciar”, disse Yara, que é formada em Engenharia.

Segundo ela, o principal desafio hoje é proporcionar ao funcionário a possibilidade de permanecer no emprego, já que há um “apagão” no mercado rural e poucos querem trabalhar na atividade. “O campo muitas vezes não tem mais escolas rurais, não tem estradas, ou seja, nada para oferecer para o funcionário. Reter os colaboradores é um trabalho árduo e contínuo e tenho muito orgulho de ter conseguido isso”, falou.

Beatriz Romariz Brochado, produtora rural em Santana do Livramento, também no Rio Grande do Sul, lembra que quando ela assumiu a fazenda, voltou os olhos para os colaboradores, adotando uma parceria contínua com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Segundo ela, ao longo dos anos, o órgão forneceu diversos cursos em sua propriedade.

Para as convidadas do Fórum, o lado humano é fundamental para se ter um negócio de sucesso, pois nada é feito sem o esforço coletivo. “Na minha propriedade, eu tenho funcionários que estavam na condicional, com problemas com alcoolismo. Muitas pessoas me disseram para não contratar, mas tenho tido bastante êxito. Não é só de dinheiro que eles precisam, alguns querem ser vistos como seres humanos e é isso que fazemos na nossa propriedade”, disse Yara

Feminismo

O que essas mulheres têm em comum é o pioneirismo em suas áreas, como o caso de Betty Cirne Lima, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Devon, que foi a primeira mulher das Américas a participar de um dos principais julgamentos de gado devon na Grã-Bretanha.

“O que move esse grupo é o desafio da conquista de espaço. O feminismo não é uma  tema ultrapassado, o feminsmo é uma luta que ainda não terminou. Nós temos, historicamente, uma série de conquistas a serem feitas para termos mais igualdades”, afirmou Betty.

Para ela, o que favoreceu esse seu espírito vanguardista foi o ambiente familiar, sempre com liberdade de informação e muita cultura. “Minha mãe sempre deu liberdade para a gente trilhar nosso caminho e,  lembro bem de um dia, na minha pré-adolescência, quando eu decidi que, apesar de não saber o que queria fazer da vida, decidi que queria autonomia financeira.”

Tecnologia e sustentabilidade

O pioneirismo de Isadora Pötter, que é sócia-proprietária da Estância do Vinho Guatambu, em Dom Pedrito, no interior do Rio Grande do Sul, foi transformar a vinícola da família na primeira totalmente movida à energia solar no Brasil. Advogada, Isadora viu a família prosperar graças ao agronegócio, desde seu avô que plantava arroz, passando pelo seu pai, que se tornou pecuarista, e chegando aos seus irmãos.

Segundo ela, a ideia de plantar uvas na fazenda foi de usa irmã, Gabriela. Em 2013, a família inaugurou a instância de vinho que é gerenciada por Isadora. “Em casa somos cinco mulheres e sempre fomos ouvidas e respeitadas”, disse. Segundo ela, a produção de vinho é totalmente abastecida pelo parque eólico.

A sustentabilidade também é uma bandeira defendida por Julieta Dal Castel Lopes, produtora e gestora ambiental em Tupanciretã, no Rio Grande do Sul. Formada em Gestão Ambiental, ela criou em sua cidade o programa Respira Tupã, que realiza ações ambientais para a comunidade.

Já a tecnologia fez com que a médica veterinária e gerente-geral da Fazenda Montenegro, Carolina Heller Pereira (foto abaixo), fosse uma das vencedoras do Programa CNA Jovem, realizado pelo Senar e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Ela apresentou um projeto para avaliar a sustentabilidade e a emissão de gases geradores do efeito estufa em fazendas do Rio Grande do Sul, utilizando o software IFSM 4.1, desenvolvido pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Com este projeto, Carolina pode conhecer medidas semelhantes em outras partes do mundo e trazer o conhecimento para o Brasil. “Uma das minhas paixões é a área do ensino e eu amo ver a transformação ocorrendo nas pessoas por meio do conhecimento”, finalizou.