Banana: governo prepara plano de contingência para evitar entrada de novo fungo

Medidas têm como objetivo impedir introdução de raça causadora do mal-do-panamá que ainda não existe no país

O Ministério da Agricultura e a Embrapa Mandioca e Fruticultura devem anunciar até o fim de agosto o Plano Nacional de Contingência para o mal-do-panamá, hoje a principal ameaça aos bananais em todo o mundo.

Em nota, o Departamento de Sanidade Vegetal (DSV) da pasta informou que o plano prevê a adoção de medidas para evitar a introdução de nova variedade do fungo do mal-do-panamá no Brasil. “Trata-se de uma nova raça de fungos 4 tropical que está causando grandes perdas no sul da Ásia, Oriente Médio e Moçambique”, disse a pasta. O Brasil é um dos maiores produtores de banana e em 2016 exportou US$ 21,04 milhões, o equivalente a 64,4 mil toneladas da fruta.

O país convive desde a década de 1950 com as raças 1, 2 e 3 do fungo, disse o chefe da Divisão Prevenção e Vigilância e Controle de Pregas do DSV, Ricardo Kobal. “O mal-do-panamá atinge as variedades das bananas prata, maçã (com maior intensidade), nanica e nanicão. No continente americano, a raça 4 ainda não foi encontrada e a sua introdução poderia trazer sérios problemas à produção da fruta.”

Ainda conforme o ministério, a ideia é dar informações aos produtores e ao público em geral sobre quais precauções devem tomar para prevenir a entrada da doença no território nacional. Brasileiros que pretendam viajar ao sul da Ásia, Oriente Médio e Moçambique, locais de maior ocorrência do fungo, também precisam estar atentos e evitar objetos feitos com palha de bananeira, por exemplo. Segundo Kobal, a Embrapa já desenvolveu um kit para identificação rápida da raça 4 tropical.

A doença é causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense que está disseminada em regiões produtoras de banana do mundo. O fungo pode sobreviver no solo por mais de 20 anos ou ainda em hospedeiros intermediários. 

No Brasil, diversas variedades tradicionais, como a banana maçã, são suscetíveis à doença. As principais formas de disseminação são o contato das raízes de plantas sadias com plantas doentes, pelo uso de material de plantio infectado e ferramentas de desbaste transportando solo contaminado. O fungo também é disseminado por água de irrigação, de drenagem e de inundação, assim como pelo homem, por animais e pela movimentação de solo.