Mapa anuncia plano para acabar com vacinação contra aftosa

A ideia do governo é dividir o país em cinco blocos e iniciar a retirada da vacina pelas regiões de menor risco

Fonte: divulgação

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou, nesta quinta-feira, dia 6, um plano estratégico para a retirada da vacina em território nacional. O anúncio foi feito em Pirenópolis, interior goiano, durante reunião da comissão sul-americana para luta contra febre aftosa, a Cosalfa. De acordo com a estratégia do governo, o Brasil deve ter a vacina removida até 2021 e ser reconhecido como país livre da doença sem vacinação até 2022.

A retirada da vacina vai ser feita por etapas e deve começar em maio do ano que vem. Antes disso, porém, a comunidade internacional precisa reconhecer como livre da doença com vacinação os últimos três estados brasileiros que ainda não têm essa certificação: Roraima, Amapá e Amazonas. Segundo o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Luis Eduardo Rangel, os governos estaduais de todo o país vão ter que reforçar investimentos nos órgãos de defesa para garantir o sucesso da retirada da imunização.

“Precisamos de profissionais capacitados, inquéritos soroepidemiológico sendo conduzidos e o processo natural da retirada da vacina. A própria vacina vai ter uma repaginada e será aplicada em tamanho reduzido de dose, que terão retiradas as cepas iniciais de vírus para que a própria indústria possa, aos poucos, ir se adaptando a isso”, disse.

A ideia do governo é dividir o país em cinco blocos e iniciar a retirada da vacina pelas regiões de menor risco. O primeiro bloco, que é composto por Acre e Rondônia, terá a vacina removida em 2019 e o reconhecimento internacional de área livre de febre aftosa sem vacinação deve acontecer em 2021. O quinto e último grupo, de acordo com a expectativa do governo, terá o reconhecimento internacional em 2023. Confira o cronograma na animação abaixo:

https://picasion.com/

O ministério da Agricultura disponibilizou um documento com mais de 50 páginas detalhando o plano, mas essa parte ainda não foi analisada pelo setor privado do agronegócio. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) vai reunir, até julho deste ano, a opinião de todas as federações de agricultura e pecuária do país sobre a proposta para confirmar se apoia ou se tem sugestões de mudanças ao texto.

“Nós precisamos saber em cada bloco quais são as funções e obrigações de cada um dos segmentos. Precisamos saber qual é a função do setor privado e o que precisa ser feito por cada um dos serviços de defesa de cada um dos estados do bloco”, disse Rangel.

Opinião do setor

A proposta, em um primeiro momento, parece ter agradado parte do setor. Para o presidente da Associação Goiana dos Criadores de Zebu (AGCZ), Wagner Miranda, o destaque deste plano vai para a economia gerada ao pecuarista. “Ao reduzir o volume da vacina, se diminui custos, pois é uma vacina oleosa e que pode gerar um ‘caroço’ que implica em certo dano ao animal, levando ao prejuízo e queda de rentabilidade”, disse.

O vice-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Francisco Castro, por outro lado, tem dúvidas sobre a aplicação do plano. O estado está no quarto bloco de retirada da vacinação, mas municípios de outras regiões relevantes para o mercado de carnes mato-grossense estão em outro grupo.

“Temos alguns municípios na divisa norte que têm comércio com outros blocos. Um comércio forte e que, em um primeiro momento, vai ficar proibida essa comercialização quando os blocos ainda não tiverem o mesmo status sanitário. Gostaríamos que o Mapa tivesse a sensibilidade de analisar essas exceções”, falou.

Riscos

Para o consultor técnico da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Luiz Alberto Pitta, sem o manejo correto, há riscos de a doença voltar no futuro. “Tem que ser sustentado por uma segurança muito grande pra não corrermos risco de insucesso”, disse.

Caso a doença volte, o Ministério da Agricultura garante que está preparado para o controle da febre aftosa. “É preciso estar vigilante, cada vez mais, para qualquer eventualidade. Nós não estamos isento disso, pois até em países que já erradicaram há muitos anos, existem eventuais focos que podem aparecer. Para isso, estamos preparado”, falou Luis Eduardo Rangel