Peixe congelado importado tem até 50% de água e excesso de sódio, diz associação

Indústria nacional cobra mais rigor na reinspeção da atividade; governo promete novo modelo de fiscalização, nos pontos de entrada do pescado

A cadeia produtiva de pescados quer mais rigor do Ministério da Agricultura na fiscalização de produtos congelados que entram no Brasil. A indústria nacional do setor afirma que o peixe que chega ao país contém até 50% de água e apresenta índice de sódio dez vezes maior do que o produto natural. A denúncia foi feita nesta quinta-feira, dia 27, durante audiência pública da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado.

A gerente de Inspeção e Fiscalização Sanitária de Alimentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) , Cláudia Moraes, afirma que o excesso de sódio no pescado congelado é o mais preocupante. “Se a quantidade é tão alta, pode prejudicar a saúde da população”, diz.

O vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Eduardo Lobo, reivindica maior rigor na reinspeção da carga importada. Ele afirma que essa tarefa pode ser realizada em armazéns credenciados pelo ministério ou entrepostos das indústrias. A diferença é que, nestes últimos, há um fiscal permanente do Serviço de Inspeção Federal (SIF), sendo a reinspeção realizada por profissionais especializados em pescados. “O que a gente quer é restringir os locais da reinspeção”, diz Lobo.

Por outro lado, o diretor do departamento de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, José Luis Vargas, garante que a fiscalização é equivalente qualquer que seja o tipo do estabelecimento. “O problema é que não dá para se amostrar 100% do produto; é feita uma avaliação do lote”, rebate.

O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), entidade responsável por controlar fraudes relativas ao peso do alimento, reconhece que a fiscalização precisa melhorar. O diretor de Metrologia Legal da entidade, Raimundo Rezende, de afirma que a equipe de fiscalização está sendo reforçada.

O pedido da Abipesca está sob análise no Ministério da Agricultura. De todo modo, o governo estuda colocar em prática outro modelo de reinspeção, que seria feita nos pontos de entrada do produto importado – portos, aeroportos e postos de fronteira seca –, antes de chegar aos armazéns ou indústrias. 

Essa estratégia facilitaria a reinspeção, elevando a eficiência e otimizando recursos financeiros e humanos, afirma José Luis Vargas. Ele espera que o novo modelo seja implantado até o próximo ano.