Rebanho de gado confinado no Brasil vai fechar o ano em queda

A alta no preço do milho foi apontada como uma das principais causas da queda, que pode ser de até 580 mil cabeças

O encolhimento dos rebanhos confinados é esperado nos principais estados produtores, que representam 90% da produção nacional de carne. A estimativa foi feita a partir dos resultados de mais um Rally da Pecuária, projeto que durante um mês percorreu 63 mil quilômetros na tentativa de fazer um raio-x das áreas que abrigam 83% do rebanho bovino brasileiro.

O rebanho de gado confinado deve encerrar 2016 pelo menos 15% menor que no ano passado.  De acordo com o sócio-diretor da Agroconsult  André Pessôa, a alta no preço do milho é apontada como principal fator para a redução da oferta de 580 mil cabeças no mercado.“A falta de milho é a principal responsável por isso, como em outros setores. Mas, talvez, o confinamento de bovinos tenha sido um dos mais afetados em termos de volume”, disse.

Para Pessôa, a área de milho deve voltar a crescer no verão e tomar a área da soja, mas apesar da expectativa, ainda tem a questão da presença do fenômeno climático La Niña. “Então, apesar desse aumento de área plantada e se o clima ajudar, mesmo assim não será o suficiente para restabelecer o equilíbrio no mercado brasileiro.”

Por causa da crise do milho, grande parte dos pecuaristas ouvidos pelo Canal Rural afirmou que deve mudar a estratégia de suplementação dos animais, o que consequentemente vai refletir na menor entrega de animais ao mercado, redução do peso médio de abate e piora na qualidade da carne brasileira.

Para o coordenador de pecuária da Agroconsult, Maurício Palma Nogueira, a diferença na qualidade não será perceptível ao público. “Esse ano a gente deve pecar um pouco na qualidade e terminação de carcaça, que não vai ser perceptível para o público em geral pelo perfil da pecuária brasileira e também da forma que a gente atende os mercados”, falou.

Os técnicos constataram ainda que 15 a 20% dos criadores que trabalham com altos níveis de produtividade devem suprir 50% da demanda de animais brasileiros até o final de 2016. Já os preços pagos no mercado tendem a se equilibrar aos criadores de maiores níveis tecnológicos.