Três tambores: entenda por que esta é uma tradição passada de pai para filho

Com regras fáceis de entender, competição agrada cavaleiros e público, tonando-se uma paixão nacional. 

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A prova de três tambores é uma das competições mais tradicionais dos esportes equestres. A disputa é rápida e dura menos de vinte segundos, mas a emoção contagia toda a plateia. A equipe de reportagem do Canal Rural acompanhou de perto uma destas provas no Congresso Brasileiro da Raça Quarto de Milha.

Em resumo a prova consiste em contornar três tambores no menor espaço de tempo possível. Claro que há mais regras a serem respeitadas, mas de forma geral é isso. Quando cavalo e cavaleiro cruzam a linha da largada o cronômetro dispara e a corrida contra o tempo começa. Falando assim até parece fácil, mas na prática é bem diferente. “O segredo está no conjunto. Você precisa confiar no cavalo e em você mesmo. O competidor precisa passar confiança para o cavalo e o cavalo para o cavaleiro”, explica a competidora Silvia Toledo Simionato.

Na prova não basta apenas velocidade é preciso ter técnica, principalmente na hora de contornar os obstáculos. Para cada tambor derrubado são acrescidos cinco segundos ao tempo final. Durante o percurso o competidor pode segurar o obstáculo e até impedir que ele caia. “É uma prova muito bacana e envolve toda a família. Nós temos casos aqui que competem o pai, a mãe, o filho e até o avô. É uma qualidade da raça quarto de milha envolver toda a família com o cavalo”, conta Alessandro Souza, jurado Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM).

A paixão da competidora Silvia pelo esporte Silvia está no sangue e veio de família. O marido dela é treinador e competidor e o filho de apenas quinze anos também participa e já venceu mais de cinquenta provas. “Comecei cedo, desde criança, com meu pai e minha mãe sempre dando assistência, ajudando, treinando também meus cavalos e estou correndo até hoje. Precisa gostar muito e treinar para dar certo”, disse o filho de Silvia, Wagner Toledo Junior.

O pai do Junior e marido de Silvia está há quase 40 anos no ramo e é um dos principais treinadores de cavalos do país. Ele conta que o primeiro passo é a doma racional que começa quando o animal completa dois anos de idade. Depois o cavalo é introduzido no percurso. Os treinos acontecem cinco dias por semana e duram de 30 a 40 minutos. “Hoje trabalhamos muito em cima de genética, que é aquela em que os pais do cavalo, até mesmo os avós, já trabalharam com a prova. Isso ajuda muito. Então a genética é muito importante e após a ela é preciso ter um cavalo com coração que goste do que faz”, comenta Vagner Simionato.

A competição surgiu nos Estados Unidos, mais especificamente no estado do Texas e era destinada no início apenas para as mulheres. Com o passar do tempo a modalidade foi se tornando cada vez mais popular e foi trazida para o Brasil pela ABQM e hoje é uma das provas mais disputadas do mundo equestre.

Das 5 mil inscrições realizadas no 27° Congresso Brasileiro da Raça Quarto de Milha, metade foram para a prova de três tambores. Números que crescem a cada dia. “Cada vez que competimos, tem mais ansiedade de abaixar o tempo e conseguir virar melhor. É uma adrenalina inexplicável”, finaliza Silvia.