União Europeia quer fim de queijos como parmesão e gorgonzola brasileiros

A Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq) marcou a sua posição contra a mudança, acreditando que a medida vai prejudicar o setor que movimenta mais de R$ 20 milhões por ano no país

A União Europeia reivindica exclusividade no uso de nomes de queijos como provolone, parmesão, gorgonzola, entre outros. A exigência faz parte da pauta da rodada de negociação entre o Mercosul e o bloco que ocorre nesta semana no Paraguai. Diante disso, a Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq) marcou a sua posição contra a mudança, acreditando que a medida vai prejudicar o setor que movimenta mais de R$ 20 milhões por ano no país.

Por outro lado, há quem acredite que o produto nacional possa sobreviver tranquilamente sem esses nomes famosos. Em uma fazenda do interior de São Paulo reconhecida pelos queijos de qualidade, premiados nacional e internacionalmente, o proprietário defende o nome brasileiro para os seus produtos. “Nosso principal queijo, por exemplo, é o tulha. Ele foi premiado no exterior com medalha de ouro no World Cheese Awards e mostra uma identidade muito nossa, com o nosso processo e ambiente. Se a gente fosse chamar este queijo por um nome comum ele seria um tipo parmesão, mas a gente não quer isso e optamos por chamar ele de tulha”, contou o proprietário da fazenda Atalaia, Paulo Rezende.

Paulo dá nomes aos queijos especiais e acredita isto valoriza o local e modo de produção. Ele concorda com o pedido da União Europeia para que os produtos tenham indicação geográfica. Veja alguns dos queijos que não poderiam ter o nome utilizado de acordo com a proposta:

  • Parmesão
  • Muçarela de Búfala
  • Provolone
  • Gorgonzola
  • Camembert
  • Emmental
  • Gruyere
  • Brie
  • Gouda
  • Roquefort

Conforme o desejo do bloco europeu, estes produtos só poderiam ser produzidos em seus lugares de origem,  o que gerou um debate acalorado no setor brasileiro.

“Nós temos 13 tipos de queijos que já são produzidos há mais de 60 anos aqui no Brasil. Então, neste momento, querer paralisar isto ou até a oferta que eles fizeram de permitir que se use o nome destes queijos por mais um período é totalmente inviável. São produtos genéricos, produzidos em vários países e o Brasil já produz isto há muito tempo”, comentou o presidente da ABIQ, Fabio Scarcelli.

A associação encaminhou este posicionamento aos representantes brasileiros no Mercosul. Os países sul-americanos negociam um acordo comercial com a União Europeia e a produção de queijos é um dos temas da pauta. “O nosso setor movimenta mais de R$ 20 bilhões de reais por ano. Vamos reduzir isto a um terço. E este 1 milhão de produtores de leite que estão atrás das indústrias de queijos, como ficam? Acredito que isso nem deveria estar na pauta de discussão. Os Estados Unidos e a China já disseram que não querem nem tocar no assunto e espero que os nossos negociadores do Mercosul também façam o mesmo, que é uma coisa inegociável”, concluiu Fabio Scarcelli.