Gripe aviária: granjas reforçam cuidados para evitar entrada da doença no Brasil

Surto de influenza já atingiu 34 países, levando o setor a proibir visitas e intensificar normas de segurança em aviários 

Fonte: Lucas Scherer Cardoso/Embrapa

Por conta do surto mundial de casos de gripe aviária, foram suspensas as visitas de clientes e fornecedores a aviários, agroindústrias e exportadoras de carne do Brasil. Agora, as granjas estão intensificando os cuidados e o setor pede ao Ministério da Agricultura a adoção de novas medidas preventivas contra a doença. 

A apreensão que ronda a atividade no país faz sentido, uma vez que o surto de influenza já atingiu 34 países. Recentemente, a doença chegou ao continente, sendo detectada em uma granja de perus no Chile, levando o Brasil a suspender a importação de produtos avícolas chilenos. Para diminuir os riscos de uma possível chegada do vírus da doença por aqui, as visitas a instalações onde hajam aves estão proibidas nos próximos 30 dias.

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, considera crítico o atual momento, o que justificaria essas ações.  “Eu estou falando de uma epidemia. Por isso mesmo a gente tomou a medida de proibir não só pessoas estrangeiras de chegar aonde tem aves vivas, mas até mesmo agentes ou representantes, pessoas ligadas ao setor”, afirma.

Segundo o presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA), Erico Pozzer, no entanto, não adianta proibir visita às granjas se os produtores não seguirem rigorosamente as normas de segurança exigidas pelo Ministério da Agricultura. Um exemplo positivo dessa prevenção é o aviário de Pedro Guarnieri, em Holambra (SP), que cumpre todas as exigências oficiais. Ele nem permitiu que a reportagem tivesse acesso área onde estão alojados seus frangos. 

O técnico agrícola Jair Ribas conta que, entre as medidas necessárias para proteger os lotes, é preciso manter uma cerca de 1 metro de altura ao redor do núcleo de criação. Além de restringir a entrada de pessoas, é preciso promover a desinfecção de veículos e proteger os aviários com tela com vãos de no máximo uma polegada, para inibir a entrada de aves silvestres. Também é necessário fazer o controle de pragas e roedores e limpar e desinfetar os aviários após a retirada dos lotes de aves.

Mesmo com todos esses cuidados, o temor de que a doença atinja os aviários brasileiros ainda existe. Turra, da ABPA, afirma que, por essa razão, o setor solicitou ao governo credenciar laboratórios para a detecção do vírus de forma instantânea. “Nós tínhamos dois laboratórios credenciados, (enquanto) os Estados Unidos têm mais de 200”, diz. Segundo ele, no entanto, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, providenciou o cadastramento de outras unidades.