Leite: produtividade aumenta com manejo correto

Fazenda em Minas Gerais alcança ordenha média de 18 litros diários por vaca investindo em planejamento e otimização de espaço e recursos

Fonte: Pixabay/divulgação

A pecuária leiteira tem sofrido com baixa produtividade e preços ruins em muitas regiões do Brasil. Mas o manejo correto com a alimentação e sanidade dos animais pode aumentar a renda do produtor.

Aqui no país, a média nacional de ordenha por animal é de 5 litros de leite por dia, muito abaixo do obtido em nações onde a pecuária leiteira é mais desenvolvida. Uma fazenda em Cruzília (MG), no entanto, vem perseguindo índices de primeiro mundo, aplicando tecnologia no processo. O rendimento do rebanho da propriedade já alcançou 18 litros por dia por vaca.

O médico veterinário Bruno Lima, que fornece assistência à fazenda, explica que um dos fatores de sucesso no local é a otimização de espaço e recursos. O rebanho foi montado ali mesmo, com base na transferência de embriões, tendo como base animais bem adaptados às condições locais. O manejo reprodutivo, segundo Lima, é focado na realidade da fazenda, levando à excelência produtiva.

O gado escolhido foi o girolando, resultado de cruzamentos entre holandês e gir leiteiro. De acordo com Marcos Gorgulho, administrador da propriedade, a opção foi feita em nome da rusticidade do animal, boa capacidade produtiva, longevidade e resistência a altas temperaturas e umidade elevada.

Gorgulho conta que o manejo correto dos animais é um dos principais fatores que contribuem para o volume diário de leite. Segundo ele, todas as instalações para alimentação e ordenha foram projetadas por veterinários especializados em pecuária leiteira.

A meta da fazenda é chegar a 4 mil litros diários, e os resultados vem caminhando para isso. Mas o importante, lembra o administrador, é atingir a produção com rentabilidade. Para isso, conta o planejamento. “Tudo aqui foi planejado, desde as instalações e a localização do galpão, à escolha dos animais, equipamentos e áreas de plantio dentro da propriedade”, diz.

As vacas ficam em piquetes rotacionados de mombaça, e são ordenhadas duas vezes por dia, pela manhã e à tarde. O extrator automático impede o contato humano, e faz o leite ir diretamente para o tanque de expansão, onde é resfriado a 4 graus para ser transportado. Depois da ordenha, os animais são levados para a pista de alimentação, e recebem silagem e um pré-mix feito com farelo de soja, milho moído e minerais. Tudo é produzido na fazenda.

Os animais são classificados em lotes, conforme seu volume de produção. “As rações recebidas são de acordo com a produção de cada vaca. A vaca que está em maior produção, com uma lactação maior, recebe uma quantidade maior de concentrado nessa dieta”, exemplifica Gorgulho.

O rebanho da fazenda passa por um tratamento chamado de blitz terapia. Com isso, são combatidas células ruins para a qualidade do leite e para a sanidade das fêmeas. O tratamento teria diminuído em 50% o índice de Contagem de Células Somáticas (CCS) nas vacas, garantindo que elas cheguem mais sadias no próximo período de lactação.

O veterinário Pedro Henrique Saback Moreira, que também atende o rebanho de Cruzília, conta que o CCS estava em torno de um milhão de células por mililitro, atingindo hoje cerca de 500 mil. A presença dessas células somáticas, afirma, indica que há um quadro de mastite, inflamação da glândula mamária que reduz a produção de leite. “Está na literatura que CCS de tanque acima de um milhão ocasiona uma perda de até 18% de leite na fazenda”, diz o veterinário.