Produtores pensam em largar a pecuária após roubo de gado no RS

Pecuaristas estão investindo em segurança privada para tentar barrar as ações criminosas

Fonte: Polícia Civil/RS

O furto de gado no Rio Grande do Sul fez com que a polícia criasse uma força-tarefa para conter os crimes de abigeato nas fazendas do estado. Apesar do resultado positivo após um ano de ação, os produtores continuam sofrendo com as ações criminosas que somam prejuízos de até R$ 6 mil por semana em apenas uma propriedade, gerando a possibilidade de desistência da atividade por causa da violência.

Segundo pecuarista Cláudio Evangelista, de Tapes, o medo aparece todos os dias quando a noite cai em sua fazenda. “O pessoal vem de carro ou de bicicleta e abatem os animais a tiro. Depois, eles acabam cortando a carcaça e levam o que lhes interessa para um carro que fica parado na beira da estrada”. contou.

Evangelista conta que já tentou conter a ação dos criminosos, mas sofreu represália e teve até a casa da fazenda incendiada. “Tive muito prejuízo com a reforma da casa e agora tenho que pagar seguranças para ter o mínimo de paz”, disse o proprietário que calcula um prejuízo de três animais do rebanho aberdim-angus  por semana que fica sem seguranças.

“Dá um prejuízo de R$ 5 mil a R$ 6 mil por semana. Nós temos na atividade há mais de 50 anos e estamos pensando seriamente em terminar com a pecuária aqui na propriedade”, contou.

Em outra propriedade, o criador Luiz Chemale reclama da existência de açougues clandestinos. “Esses tempos descobri uma pessoa nos fundos da fazenda que tinha um freezer em casa e o quilo da carne por R$ 4. Com certeza ela era roubada.”

Para proteger o rebanho, Chemale contratou segurança privada 24 horas por dia e conseguiu reduzir o abate clandestino. No entanto, mesmo com o investimento, existe uma dificuldade em monitorar toda a extensão da fazenda.

Força-tarefa

O delegado do Departamento de Polícia do Interior, Fernando Sodré, explica que o Rio Grande do Sul é um dos estados mais suscetíveis por causa da grande extensão de área aberta. “Nós temos grandes áreas de extensões rurais e essa criação extensiva impede uma fiscalização permanente desse gado. Se o animal estivesse confinado, por exemplo, seria muito mais fácil evitar esse tipo de crime”, contou.

No ano passado, a polícia iniciou uma força -tarefa para reduzir o abigeato. Comparando o primeiro e o segundo semestre de 2016, os casos caíram pela metade nas áreas mais atingidas, como a fronteira oeste. “É um trabalho que tem que ser permanente e nós estamos trabalhando nisso de forma permanente, mas sabemos que é um crime que preocupa a polícia civil e preocupa os produtores permanentemente”, completou o delegado.