Comissão de Agricultura da Câmara cobra incentivo ao consumo de leite

Comissão busca diretrizes para equilibrar o mercado interno, afetado pela crise de credibilidade do setorA Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados faz duras críticas ao Ministério da Saúde. O motivo é o Guia Alimentar lançado no ano passado, que colocou restrições ao consumo de lácteos. O setor está trabalhando para estimular o consumo interno e ampliar as exportações, já que o desequilíbrio do mercado provocou uma queda de 15% no preço do litro de leite pago aos produtores em relação ao ano passado. 

Na audiência pública realizada nesta terça, dia 5, a Comissão de Agricultura trabalhou em busca de diretrizes para equilibrar o mercado interno. O consumo não consegue acompanhar o aumento na produção, que na última década foi de 4,5% ao ano.
 
No Brasil, o consumo de leite é de 170 litros de leite por habitante ao ano. A projeção é alcançar 200 litros até 2018. Isso pode representar um aumento na demanda de seis bilhões de litros por ano. Se por um lado o setor trabalha para estimular os consumidores brasileiros, por outro o Ministério da Saúde já saiu na contra mão quando lançou o Guia Alimentar.
 
– A última versão do Código Alimentar Brasileiro é uma catástrofe. Dizer que iogurte não é recomendado para alimentação, porque é um produto processado, isso é uma coisa que fico imaginando o que os outros países entendem quando um ministério no Brasil faz uma coisa dessas. Enquanto todo mundo continua promovendo e ampliando o consumo de produtos lácteos pelas suas características de nutrição para o ser humano, no Brasil nós temos a máxima que leite é alimento de bezerro e outras coisas mais – protesta o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Rodrigo Alvim.
 
Segundo o diretor da Associação Brasileira de Laticínios, a saída para equilibrar a cadeia do leite brasileiro, com renda para os produtores, é melhorar a competitividade da indústria. A associação está buscando apoio do governo para trabalhar na abertura de novos mercados internacionais. O primeiro passo vai ser em direção aos consumidores chineses.  
 
– Na próxima semana, o secretário de Política Agrícola, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, com a Secretaria de Relações Internacionais vão estar na China negociando certificado sanitário internacional, para que possamos exportar para aquele país.  Estamos recorrentemente negociando com a Rússia, certificado para que outras empresas possam exportar produtos lácteos pra lá – diz o diretor executivo da Associação, Marcelo Costa Martins
 
O Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio grande do Sul entregou um documento para os deputados da Comissão de Agricultura, mostrando que o Brasil precisa colocar o leite em toda pauta de negociação com outros países, como moeda de troca.
 
– Nós temos México, Rússia, África, China, diversos países que podemos estar fazendo negócios comercias e colocando como moeda de troca o leite, que socialmente, economicamente é muito importante para o país – reivindica Alexandre Guerra, presidente do Sindilat/RS.