Preço do leite cai e ameaça produtores no Rio Grande do Sul

Litro chegou a cair R$ 0,30 apenas nos últimos dois meses; Limite na importação vinda do Mercosul é esperança de produtores

A atividade leiteira está cada vez mais difícil para os pecuaristas do Rio Grande do Sul. O alto volume de leite em pó que já foi importado do Uruguai fez com que os produtores recebessem menos pelo litro, e agora eles correm o risco de ter de deixar a atividade. O valor caiu cerca de R$ 0,30 nos últimos dois meses e pode diminuir ainda mais.

A situação atinge diretamente os produtores brasileiros. O pecuarista Eduardo Birck, dono de um pequeno rebanho de vacas holandesas, chegou a receber R$ 1,52 pelo litro no mês de agosto. Já em outubro, o preço caiu para R$ 1,22, e pode chegar a R$ 0,97. A solução encontrada foi economizar em alguns pontos, como reduzir a oferta de ração das vacas em até 15%. “Automaticamente, minha produção também cai. Hoje, estamos com 615 litros por dia. Antes, a produção era de 700 litros”, diz.

Nos nove primeiros meses de 2016, o Brasil importou mais de 124 milhões de quilos de leite em pó – 93% a mais do que no mesmo período do ano passado. A maior parte do produto vem dos uruguaios, que passaram a vender mais para o Brasil devido ao pagamento em dia.

O aumento da importação de leite do Uruguai tem dois motivos: os preços, que chegam a ser 40% mais baratos do que o produto produzido no Brasil; e a ausência de um limite no volume de lácteos vindos de países do Mercosul.

Na última semana, produtores se reuniram com a principal cooperativa de laticínios da região central do Rio Grande do Sul, a  para entender melhor os motivos da queda nos valores. Um acordo privado entre as indústrias do Brasil e do Uruguai para a implantação de uma cota máxima é a esperança do setor.

“A ideia é de que, durante esta semana, possamos avançar com a chancelaria brasileira junto ao Uruguai para que se consiga conversar com o setor industrial uruguaio. Acho que há possibilidade de chegar a um comum acordo, para estabelecer um sistema de cotas que fique bom para o Brasil e também para o Uruguai”, afirmou o secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Darlan Palharini.