Programa Leite Saudável é lançado em Brasília com a promessa de beneficiar 80 mil produtores rurais

Cinco estados serão contemplados Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina

Fonte: Fernanda Farias / Canal Rural

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou nesta terça, dia 29, o programa Leite Saudável, que investirá R$ 387 milhões na melhoria da qualidade e competitividade do setor leiteiro até 2019, beneficiando 80 mil pequenos produtores em cinco estados – Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Juntos, eles representam 72,6% da produção nacional.

– Nós temos que melhorar o sabor, a qualidade, a vigilância. Não dá pra tirar o leite de qualquer jeito, não dá pra transportar em qualquer vasilhame. Agora nós vamos pegar firme nas análises da qualidade do leite. Nós vamos saber das propriedades o que não está funcionando, se é o tecnico que precisa ser substituido ou se é uma informação que falta chegar lá. – afirmou a ministra Kátia Abreu durante a cerimônia de lançamento do programa, em Brasília (DF).

Segundo ela, o objetivo é aumentar a produção de leite dos pequenos produtores, a maioria nas classes sociais D e E, para além de 50 mil litros por dia, nível que os deixa “fora do mercado”. 

– Em um prazo de dois anos teremos uma diferença significativa na vida desses produtores e na qualidade do leite brasileiro – disse. 

A iniciativa focará sua atuação em sete eixos: assistência técnica gerencial, melhoramento genético, política agrícola, sanidade animal, qualidade do leite, marco regulatório e ampliação de mercados. O Mapa entrará com 40% dos R$ 387 milhões do programa, enquanto o restante ficará a cargo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O dinheiro será distribuido da seguinte forma: R$ 57 milhões para Goiás, R$ 80 milhões para Minas Gerais, R$ 71 milhoes ao Paraná, R$ 80 milhões para o Rio Grande do Sul e R$ 66 milhões para Santa Catarina. Os produtores inscritos receberão cursos técnicos e de gestão por dois anos. Eles serão visitados mensalmente por técnicos, que farão supervisão das propriedades e elaborarão um cronograma de capacitação.

O Mapa e o Sebrae também selecionarão agricultores com potencial de adotar práticas de melhoramento genético, para ampliar em 30% a 40% o uso de inseminação artificial. O programa também fornecerá embriões geneticamente melhorados a 2,4 mil propriedades.

O programa prevê ainda a criação, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de um sistema de inteligência para gerenciamento de dados da qualidade do leite e a ampliação da unidade do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. O Ministério também se comprometeu a intensificar a implementação do Plano Nacional de Qualidade do Leite e aprimorar a base de dados dos serviços de inspeção do produto.

Com relação às regras do setor, o governo disse que vai atualizar a legislação atual, alterando o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa), com a atualização de procedimentos e as regulações sobre instalações e equipamentos exigidos para as pequenas agroindústrias, que passarão a produzir produtos lácteos, como queijos artesanais.

A ministra Kátia Abreu disse ainda que o programa Leite Saudável visa a triplicar as exportações, com foco nos mercados da China – que compra 14% de toda a produção mundial de leite, o equivalente a US$ 6,4 bilhões – e da Rússia, que importa anualmente US$ 3,4 bilhões.Atualmente, o Brasil exporta 1% do total da produção, que é de 35 bilhões de litros. 

– O produto que não é exportado é frágil do ponto de vista preço. Dizem que o preço do leite no Brasil tem duas fases, ou ele está ruim ou ele está muito ruim. A nossa angustia é melhorar a qualidade, melhorar performance, abrir mercados, para que a gente possa fazer o trabalho completo – afirmou.