Clima prejudica e milho pode ter quebra de safra no nordeste de Goiás

A imprevisibilidade climática tem desanimado produtores da região, que prometem reduzir a safrinha na próxima temporada

Fonte: Fábio Santos/Canal Rural

Alguns produtores do estado de Goiás, que promete ter uma safra recorde de milho este ano, estão preocupados com as condições das lavouras por causa da seca e temem uma quebra na produtividade. Indo contra o otimismo do restante do estado, a região nordeste goiana deve produzir abaixo da média.

O produtor Fábio Zanchett, por exemplo, plantou 600 hectares de milho em Formosa, mas a seca atrapalhou a produção.Agora que a colheita começou, ele estima colher apenas 70 sacas por hectare. “Eu acho que a safra não vai ser tão boa quanto estão falando. A janela foi bastante apertada e não teve chuva suficiente e, mesmo nas regiões que choveu bem, não foi o suficiente para falar em safras muito boas”, disse.

A imprevisibilidade climática tem desanimado o produtor que, na próxima temporada, deve reduzir a safrinha de milho para conseguir melhores resultados na safra de soja verão. A estratégia, no entanto, parece ser uma tendência na região, já que a Conab estima queda 1% na área total da safrinha nesta temporada.

“Ao invés de fazer duas safras numa janela bastante apertada, fazer uma para que se consiga ter um resultado melhor, culturas de ciclos medianos, visando uma produtividade maior em uma e descartando a segunda. Com isso, você tem menos movimentação de máquinas, menos desgaste, menos correria e acaba tendo um resultado melhor na produtividade”, disse o produtor.

A produção baixa não vai ser suficiente para equilibrar os preços do milho na região. Com a grande produtividade do país, os valores caíram e não remuneram o produtor que teve quebra, segundo a presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Grãos (Abrasgrãos), Ângela Anversa, que representa agricultores da região nordeste de Goiás e parte da divisa com Minas Gerais e Distrito Federal

O armazenamento também é um problema, já que há muita soja estocada e pouco espaço para a entrada do milho. “Pela própria safra de soja não ter escoado na sua totalidade, os armazéns ainda estão cheios e isso é uma preocupação até exposta pela Conab pra região, pois a soja terá que escoar com a chegada do milho ou estarão competindo um com o outro”, disse Ângela.