Cafeicultores ampliam discussão sobre o marketing do café brasileiro

Evento na semana que vem vai abordar a importância de o produtor agregar valor ao produtoLideranças da cafeicultura brasileira vão se reunir em Muzambinho (MG), no dia 22 de abril, para discutir como o marketing do café pode ser melhor trabalhado para agregar e gerar renda aos produtores brasileiros. Em entrevista ao Mercado & Companhia desta sexta-feira, 17, o produtor Francisco Sérgio Lange diz que o consumidor valoriza saber a origem do produto.

Fonte: Canal Rural

– Especialmente, os pequenos produtores que estão localizados nas regiões de montanha. A gente não vende só o café, nós vendemos aquilo que a gente faz de bom. A gente tem conseguindo agregar valor ao café por estar respeitando o que o consumidor lá fora está pedindo pra gente – diz Lange.

Ainda de acordo com o produtor, o café sustentável é cada vez mais valorizado e buscado no mercado.

– Não é só o preço do café. É o preço do que o produtor faz na sua propriedade. Respeito a uma legislação trabalhista pesada, a uma legislação ambiental pesada. Nós precisamos mostrar ao mundo que a gente respeita essas coisas. Isso tem valor e isso deve ser pago – salienta Lange.

O evento vai focar a qualidade e o marketing do café brasileiro. Os produtores estão vendo a importância de se investir em marca e informações que valorizem o produto, como a origem do grão. O assunto será conduzido pelo especialista da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Paulo Henrique Leme, pelo presidente da Associação dos Sindicatos Rurais do Sul de Minas Arnaldo Bottrel, pelo presidente da cooperativa Coocafé, Fernando Romeiro de Cerqueira e pelo diretor geral do Cecafé, Guilherme Braga.

– A atividade de Marketing no agronegócio deve ocorrer de forma coordenada, em diversos níveis como: governamental, regional, associações como cooperativas e de interesse privado, além de empresas rurais, coordenadas por produtores que valorizam o café e sua origem – acredita Leme, da Ufla.

O assunto também foi discutido recentemente, em um encontro internacional de cafeicultores, realizado em Seattle, nos Estados Unidos, em que o foco dos debates foi a qualidade, clima e sustentabilidade. Dentro desses três principais pilares, a idéia é trazer para o Brasil o conceito de café que é aplicado no exterior, que é uma aproximação do consumidor final com a produção de café de qualidade, além de ser produzido de forma sustentável.

Atualmente, pelo menos no exterior, há um novo conceito de cafeteria sendo explorado. A tendência é que o grão seja moído e embalado na frente do cliente, criando um vínculo entre o consumidor e a marca do café.

Ainda de acordo com o cafeicultor Francisco Lange, o produtor precisa fazer a parte dele.

– Nós não temos nada que regulamente o café. Você vai ao supermercado e na embalagem não diz nada sobre origem. O Brasil precisa aprender muito. Infelizmente, nossos cafés estão sendo usados em blends de café colombiano. Com essa discussão tomando corpo, sem dúvida, começa um novo tempo para o café brasileiro – afirma Lange.

*Com edição de Flávya Pereira