Chuva do fim semana pode paralisar perdas nas lavouras

Chuva foi benéfica para o Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste; em outras regiões a irregularidade de chuva está prejudicando as plantaçõesA passagem de uma frente fria pela região Sudeste no final de semana provocou chuvas em vários pontos das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Segundo o agrometeorologista da Somar Meteorologia Marco Antônio dos Santos, as perdas que vinham ocorrendo em várias localidades e culturas começam a ser paralisadas.

Segundo Santos, apesar de estarem mais abrangentes, as chuvas ainda não atingiram todas as regiões e há localidades que seguem apresentando forte déficit hídrico e perdas nos potenciais produtivos das lavouras.

De acordo Instituto de Meteorologia Commodities Weather Group, dos Estados Unidos, as chuvas previstas para as próximas duas semanas devem ajudar a aliviar o estresse hídrico nos cinturões de café, cana-de-açúcar e grãos do Brasil, que têm sofrido com o tempo seco e quente.

Ao longo dos últimos 60 dias, o Espírito Santo acumulou 118 milímetros, enquanto o normal seria 494 milímetros, segundo o painel de meteorologia do terminal financeiro da Thomson Reuters. Minas Gerais, maior Estado produtor de café do país, recebeu 215 milímetros de chuva nos últimos dois meses, enquanto a média é de 546 milímetros. Segundo o instituo americano, metade do cinturão de café e um terço das áreas de cana-de-açúcar têm sofrido com a seca, mas espera que a umidade aumente em 11 a 15 dias.

Milho

A irregularidade no regime de chuva em quase todas as regiões produtoras de milho do Brasil, com exceção do Sul, está causando uma redução nos índices de umidade do solo, prejudicando o desenvolvimento das lavouras de milho primeira safra e também o plantio do milho segunda safra em Mato Grosso e no Paraná. Mais de 70% das lavouras de primeira safra se encontram na fase de enchimento de grãos e a qualidade dos grãos, assim como a produtividade, são afetadas.

No Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, esse padrão de irregularidade manterá os solos com níveis baixos de umidade, causando perdas localizadas, já que não há um indicativo de que essas pancadas venham a ocorrer sobre todas as regiões produtoras. Esse deverá ser o padrão do tempo ao longo do resto de janeiro.

Soja

Em muitas regiões, os volumes acumulados de chuva estão baixos, com ausência de precipitação em até 15 dias. Desse modo, os níveis de umidade do solo estão baixos em praticamente todas as regiões produtoras, com exceção do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Em algumas localidades do Centro-Oeste, do Sudeste e até mesmo do Paraná, já são observadas reduções nos potenciais produtivos das lavouras, porém, não há um percentual certo de redução na produtividade.

Nas regiões de Mapitoba, a situação é ainda mais grave, já que não há registro de chuvas generalizadas há mais de 15 dias e muitas lavouras já começam a sentir os efeitos negativos da baixa disponibilidade hídrica. Somente no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no centro-leste do Paraná é que as condições ao desenvolvimento das lavouras estão melhores, já que os solos apresentam bons níveis de umidade e as chuvas estão ocorrendo de forma mais regular. 

Café

As chuvas estão muito desiguais nas áreas de café, com regiões sem precipitação há mais de 15 dias. A produção deve apresentar registros de novas reduções nos potenciais produtivos, uma vez que quase a totalidade dos cafezais se encontra na fase de granação. A baixa disponibilidade hídrica em várias regiões produtoras poderá afetar o peso do grão e, em situações mais drásticas, ocasionar o abortamento do mesmo. 

Cana-de-açúcar

O diretor da divisão de cana-de-açúcar do Grupo Tereos, Jacyr Costa Filho, afirmou que os canaviais da Guarani receberam apenas 50% da chuva prevista para o mês de janeiro. De acordo com o executivo, voltou a preocupação quanto ao desenvolvimento das plantas – em 2014 a estiagem afetou a produção no Centro-Sul. Sobre o atual momento, Jacyr Costa diz que é cedo para um prognóstico para a safra 2015/2016, que se inicia oficialmente em abril. 

Previsão para semana

De acordo com Santos, nesta semana as chuvas as chuvas continuarão a ocorrer em todo o Brasil, com exceção do Rio Grande do Sul. No entanto, as condições se manterão favoráveis ao desenvolvimento das lavouras de soja, milho, feijão e arroz no Estado, além de possibilitarem o avanço da colheita do milho. Porém, quanto mais avança a colheita no Estado, mais se observa que os excessos de dias chuvosos afetaram a produtividade, onde as médias estão mais baixas do que a média histórica.

Com o retorno de chuvas mais generalizadas, os níveis de umidade do solo continuarão a se elevar, permitindo melhores condições ao desenvolvimento das lavouras de todo país. As condições se manterão favoráveis à realização da colheita da soja em Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná, e também ao plantio do milho segunda safra que avançará em todas essas regiões, já que alguns produtores estavam à espera dessas chuvas para iniciarem ou até mesmo retomarem a atividade – a estiagem não permitia o plantio. Com a presença de mais áreas de instabilidade, as temperaturas sofrerão declínio, voltando para os patamares normais para essa época do ano.