Dólar atinge R$ 3,70 nesta terça, dia 1

Patamar não era rompido desde 14 de fevereiro de 2003 

O dólar comercial conseguiu superar o patamar de R$ 3,70 pela primeira vez desde 14 de fevereiro de 2003 nesta terça, dia 1, impulsionado por preocupações em relação à situação fiscal do Brasil e a situação da economia da China.

A moeda norte-americana perdeu um pouco de força ao final do pregão e encerrou com avanço de 1,67%, cotada a R$ 3,6875 para compra e R$ 3,6880 para venda.

O avanço da cotação para R$ 3,70 ocorreu por volta das 15h49, paralelamente a comentários do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em audiência na Câmara dos Deputados. Ele afirmou que o Brasil verá “o dólar disparar” se não houver organização nas contas públicas e na política econômica.

O mercado também continuou repercutindo negativamente a previsão do governo federal de que o Brasil registrará déficit primário em 2016. Ontem, dia 31, o Executivo entregou ao Congresso a proposta de Lei Orçamentária Anual para 2016. A expectativa é de que o país apresente um saldo primário negativo de R$ 30,5 bilhões, o equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). O texto estima ainda que a economia crescerá 0,2% no próximo ano e que a inflação fechará em 5,4%.

Este cenário, na interpretação do mercado financeiro, pode levar as agências a rebaixarem o rating – nota que sinaliza a capacidade de um país honrar seus compromissos financeiros – do Brasil, forçando o governo a pagar mais juros para contrair empréstimos.

Outro fator que pesou no câmbio foram os dados sobre a produção industrial da China, cuja atividade recuou no ritmo mais forte em três anos em agosto. A notícia repercutiu em todo o mundo, afetando outras moedas emergentes.

Segundo avaliação do operador de câmbio da Correparti Corretora Jefferson Luiz Rugik, os dados chineses, aliados com a possibilidade de aumento de juros nos Estados Unidos neste mês influenciam a realização de lucros de investidores que fogem dos ativos de maior risco.

– A péssima reação ontem ao orçamento deficitário deve continuar a repercutir, com investidores cada vez mais receosos de que o país possa perder já no curto prazo o selo de “bom pagador” – avaliou Rugik, em relatório.