Dólar avança 0,60% ante real e renova máxima em mais de dez anos

Boatos sobre elevação dos juros nos Estados Unidos contribuíram para a alta nesta quinta, dia 26O dólar renovou a máxima em mais de uma década ante o real nesta quinta, dia 26. A moeda norte-americana subiu 0,60%, a R$ 2,8852 na venda. Trata-se do maior nível de fechamento desde 15 de setembro de 2004, quando foi a 2,903 reais.

O pregão foi marcado por uma rodada de dados mistos sobre os Estados Unidos sugerirem que o Federal Reserve (Fed) pode começar a elevar a taxa de juros em meados deste ano, apesar de declarações cautelosas da chefe do banco central norte-americano, Janet Yellen. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,7 bilhão.

Nesta manhã, o Banco Central brasileiro vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 500 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.500 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98 milhões.

O BC também vendeu a oferta total no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 2 de março. Se repetir o comportamento dos últimos meses e não realizar oferta para rolagem no último pregão do mês, a autoridade monetária terá rolado praticamente o lote integral.

Mais cedo, o dólar chegou a recuar firmemente, após o analista da Moody’s Mauro Leos afirmar que, mesmo num cenário que envolve algum tipo de apoio financeiro à Petrobras, a dívida brasileira não ultrapassaria 70% do Produto Interno Bruto (PIB), ainda compatível com o rating “Baa2”.

A moeda norte-americana havia avançado 1,22% na sessão passada em reação ao rebaixamento da petroleira pela Moody’s ao grau especulativo. A estatal, envolvida em um escândalo bilionário de corrupção, pode ter de quitar antecipadamente sua dívida devido ao atraso na divulgação de seu balanço financeiro, o que geraria intensa pressão de liquidez sobre a companhia.

Alguns operadores acreditavam que o dólar pode chegar a níveis relativamente equilibrados no curto prazo, enquanto investidores aguardam sinais que indiquem se o aperto fiscal promovido pelo governo está dando resultados.

– Nesses últimos dias, o dólar tem feito esses movimentos: busca níveis mais altos, depois volta. O mercado está dando um tempo antes de voltar a ficar tomador – afirma o operador da corretora Walpires José Carlos Amado, ressaltando, contudo, que a moeda norte-americana ainda tem “potencial” para se apreciar.

Bovespa

A Bovespa fechou praticamente estável nesta quinta, com o avanço das ações do setor elétrico ajudando a compensar o efeito negativo da queda dos papéis da Vale e de empresas do setor de educação. O Ibovespa encerrou com variação negativa de 0,09%, a 51.765 pontos. O volume financeiro somou R$ 5 bilhões.

O avanço nos papéis de empresas elétricas, com o índice do setor em alta de 2,5%, era atribuído à redução de posições vendidas com especulações sobre dados melhores de chuvas, o que tiraria pressão da parte de geração, enquanto novas tarifas também trariam alívio às distribuidoras de energia.

No caso da Vale, as preferenciais acusavam queda de 3,87%, após a mineradora ter divulgado prejuízo líquido de R$ 4,761 bilhões no quarto trimestre de 2014.