Possível prisão de Lula tem efeito limitado no dólar

Nesta manhã, o mercado cambial foi mais impactado pela tensão entre americanos e chineses e abertura de vagas de trabalho nos Estados Unidos

Fonte: Agência Brasil/Divulgação

Dólar atingiu na manhã desta sexta-feira, dia 6, o valor máximo de R$ 3,38. Segundo a Tendências Consultoria, a moeda norte-americana está sendo influenciada, até o momento, mais por fatores externos do que internos.

No cenário mundial, a turbulência entre Estados Unidos e China gerou um clima de tensão no mercado e aumentou a aversão dos investidores ao risco. Nesta quinta, 5, o presidente Donald Trump emitiu comunicado onde instrui o escritório do representante comercial do país (USTR, na sigla em inglês) a avaliar a imposição de mais US$ 100 bilhões em tarifas contra os chineses.

Além disso, a moeda no cenário internacional foi afetada pelos dados divulgados no relatório do Payroll, que fala sobre abertura de vagas de emprego nos EUA, que ficou abaixo do esperado. Em março, foram geradas 103 mil vagas de trabalho no país americano e a expectativa era de criação de 185 mil vagas.

“Não que essa informação signifique uma piora na economia, pois os salários continuam subindo em um ritmo bom. Mas limita as apostas de que o Federal Reserve (FED), o banco central americano, seja agressivo no aumento dos juros dos Estados Unidos”, explica o economista Silvio Campos.

Prisão de lula
No mercado interno, segue o ambiente de incertezas com o cenário político após o juiz Sergio Moro determinar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o economista, a possível prisão de Lula teve efeito limitado e o mercado segue em compasso de espera, com expectativa de câmbio a R$ 3,35. “Ainda há uma incerteza sobre o que vai acontecer nas próximas horas. Não temos certeza se ele realmente vai se apresentar ou não”, disse. 

Soja
A soja na Bolsa de Chicago (CBOT) abriu a sexta com quedas expressivas. O contrato de maio, por exemplo, chegou a cair mais de 1,5% e baixa de quase 20 cents.

De acordo com a Brandalizze Consulting, este movimento acontece devido à uma correção técnica. “Esta foi uma semana nervosa, com uma forte tensão entre Estados Unidos e China”, afirma.

O analista de mercado Vlamir Brandalizze explica que a oleaginosa deve trabalhar dentro dos patamares de antes do relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), entre US$ 10,10 e US$ 10,30. Na semana passada, a entidade americana projetou um recuo de 1% na área plantada.

Mercado interno
Em relação aos preços no Brasil, a expectativa é de poucos negócios neste último dia da semana, mesmo com o dólar em níveis mais altos. “O agricultor não está querendo vender hoje, pois ele foi levado a pensar que o mercado só iria para cima. Os prêmios nos portos já tiveram um recuo nesta quinta, fechando o dia entre US$ 1,15 e US$ 1,20.”, disse.

Segundo Brandalizze, além do prêmio mais baixo, a configuração da soja em Chicago caindo tem a tendência de anular a alta do câmbio. “O mercado está andando duplo, ou seja, a moeda norte-americana está em alta, mas Chicago está no negativo. Um anula o outro e o nível de preço que o produtor quer fica distante”.

A expectativa da consultoria é que os negócios desta sexta fiquem entre R$ 1 e R$1,50 abaixo do pedido dos agricultores. “Tem produtor querendo entregar soja no porto a R$ 86 e R$ 87 a saca com entrega para abril e maio, no entanto, os compradores oferecem preços entre R$ 85 e R$ 85,50.