Soja a US$ 12 o bushel é possível, diz consultor

Após mais um pregão de disparada, soja encosta no maior patamar dos últimos anos, mas queda de quase 20% do dólar desde janeiro trava preços recordes e exportações

Fonte: Camila Domingues/Palácio Piratini

soja disparou no mercado internacional nesta quinta-feira, dia 30. Contrariando as expectativas do mercado, a área plantada nos Estados Unidos foi menor que o esperado e o resultado foi alta acima de 30 centavos de dóla para todos os contratos. Com isso, o grão está rondando os US$ 12 por bushel. Para o consultor de mercado Carlos Cogo, este patamar é possível no atual cenário.
 
Após o anúncio do relatório do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), tão aguardado pelo mercado, Cogo avalia que os investidores voltem a se basear em demanda pela soja e condições climáticas americanas. “Passado o pregão de hoje (quinta), o mercado vai superar este relatório e voltar a trabalhar com os fundamentos, como demanda pelo grão e as condições climáticas nos Estados Unidos”, afirma.
 
No mercado físico brasileiro, dia de negócios travados. A queda acumulada do dólar – de 11,05% no mês de junho e de 18,61% no primeiro semestre – está deixando a soja longe dos tão aguardados R$ 100 pela saca. Carlos Cogo lembra que esse cenário é pouco atrativo para o agricultor e, com isso, as exportações devem desacelerar no curto prazo.
 
Soja na Bolsa de Chicago (CBOT) (US$ por bushel)
Julho/16: 11,75 (+30,50 centavos)
Novembro/16: 11,53 (+40,75 centavos)
 
Soja no mercado físico (R$ por saca de 60 kg)
Passo Fundo (RS): 87,00
Cascavel (PR): 87,00
Rondonópolis (MT): 81,50
Dourados (MS): 81,00
Porto de Paranaguá (PR): 93,50
Porto de Rio Grande (RS): 91,00
 
Milho
 
O mercado brasileiro de milho teve uma quinta-feira de preços fracos, relata a consultoria Safras & Mercado. A evolução da colheita, a queda do dólar e a baixa do milho na Bolsa de Chicago pressionaram as cotações no Brasil, especialmente nos portos. No mercado disponível, há lentidão no interior para os negócios com o cereal, enquanto os compradores aguardam a evolução da colheita e uma pressão maior sobre as cotações com a melhora na oferta.
 
Os contratos futuros para o milho na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) fecharam as operações com forte queda. O mercado acentuou as perdas do início da sessão, após a divulgação dos relatórios de estoques trimestrais e de área plantada para o milho em 2016, nos Estados Unidos. O grão chegou a atingir o menor nível em nove anos durante o pregão.
 
Milho na Bolsa de Chicago (CBOT) (US$ por bushel)
Julho/16: 3,58 (-14,00 centavos)
Março/17:3,79 (-10,75 centavos)
 
Milho no mercado físico (R$ por saca de 60 kg)
Rio Grande do Sul: 55,00
Paraná: 38,00-40,00
Campinas (SP): 42,00-43,00
Mato Grosso: 27,00-30,00
Porto de Santos (SP): 35,00
Porto de Paranaguá (PR): 34,00
 
Café
 
A Bolsa de Mercadorias de Nova York (Ice Futures US) para o café arábica encerrou as operações da quinta-feira com preços mais altos. A sessão foi muito volátil. O mercado trabalhou tanto em baixa quanto em alta, e no final das contas, a baixa do dólar contra o real no Brasil ajudou na subida dos preços. O mercado ainda segue preocupado com a qualidade da safra de arábica brasileira.
 
Café em Nova York (centavos por libra-peso)
Julho/16: 144,10 (+1,25 pontos)
Dezembro/16: 148,30 (+1,10 pontos)
 
Dólar e Bovespa
 
O dólar continua se desvalorizando frente ao real e a outras moedas. Passado os primeiros efeitos da saída do Reino Unido da União Europeia, os investidores deixaram a moeda norte-americana em busca de outros ativos. No câmbio brasileiro, a análise dos operadores de mercado é que os investidores estão testando um novo patamar para o dólar, agora que o Banco Central prometeu não atuar no mercado cambial.
 
O dólar caiu 0,83%, cotado a R$ 3,210. Já o índice Bovespa subiu 1,03%, aos 51.526 pontos, e acumula alta de 19% desde o início do ano.