MT: com safra quase toda colhida, produtores enfrentam preços baixos de até R$ 11 por saca

Além de cotações abaixo do preço mínimo, agricultores também sofrem com demora da retirada do cereal pelas empresas compradoras 

Fonte: Luiz Carlos / Arquivo Pessoal

Mato Grosso já colheu quase 100% da segunda safra de milho. Se, por um lado, a produtividade trouxe otimismo, por outro o preço está bem abaixo do valor mínimo e deixa o produtor desanimado com a cultura. Agricultores do estado têm conseguido receber apenas R$ 11 pela saca do cereal.

De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a expectativa de colheita de milho no estado é de 30 milhões de toneladas, numa área recorde de 4,7 milhões de hectares e produtividade média próxima a 104 sacas por hectare.

Na propriedade de Giovani Fritsch, foram 3.500 hectares plantados. “Foi a maior média dos últimos cinco ou seis anos em que plantamos safrinha, com cerca de 130 sacas por hectare, 10% a mais que na safra passada”, diz.

No entanto, o produtor se queixa dos preços ofertados pelo milho no mercado. “Se for vender nos preços que estão hoje, não paga a conta. E ainda têm prazo longo para pagamento”, diz Fritsch.

Para o analista do Imea Ângelo Luis Ozelame, o preço físico em Mato Grosso está pouco acima de R$ 11 a saca, em comparação com R$ 30 nesta mesma época em 2016. “É claro que, no ano passado, a gente teve uma quebra de safra muito grande, que pressionou os preços para os patamares acima. Porém, neste ano, o cenário é totalmente diferente, com preço abaixo do mínimo de R$ 16,50 e os produtores ainda resistentes a fazerem a comercialização”, afirma.

Outro motivo de preocupação é a demora das empresas em retirar o milho que já foi comercializado. Com um grande volume de grãos, o produtor precisa de espaço nos armazéns para guardar o milho que ainda não foi vendido.
É o caso de Giovani Fritsch. Ele conta que, a certa altura da colheita, teve que suspender o trabalho de campo por uns dias, pois os armazéns estavam abarrotados. 

Rogério Bervanger enfrentou uma situação ainda mais delicada. Ele vendeu antecipadamente 30 mil sacas de milho. O combinado era que a empresa compradora retirasse o produto no começo da colheita, mas ela só enviou caminhões no fim da temporada. 

“Estamos com um prejuízo de quase dois mil sacos de milho, só para ter que expedir para outro armazém. E isso porque temos armazém de vizinho, senão, teria que colocar o milho em silo bag e gastar mais ainda ou colocar no chão para depois juntar. Isso tudo gera custo, transtorno”, relata Bervanger.