Crédito e seguro rural: CNA quer participação de bancos privados

Nos próximos dias, a entidade também deve enviar um ofício à FPA com o pedido de apoio de liberação de verbas públicas

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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) quer encontrar novos meios para financiar a produção rural. Com o governo cortando recursos de políticas importantes para o setor, como o seguro rural, a entidade deseja uma maior participação dos bancos privados na proteção da lavoura e na liberação de crédito para o agronegócio.

A entidade deve enviar nos próximos dias um ofício à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) com o pedido de apoio de liberação de verbas públicas para seguro rural, apoio à comercialização e aprimoramento do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). O pedido é considerado uma medida paliativa, enquanto o Conselho do Agro, liderado pela CNA, não consegue uma sinalização positiva de maior participação do setor privado em fornecimento de crédito e seguro rural.

“Nesta fase de discussão do orçamento da União, é extremamente apropriado e oportuno a gente apresentar essa reivindicação de demanda, para que a FPA possa defender junto ao Congresso Nacional a aprovação desse valor de R$ 1,2 bilhão para o seguro rural. Existe praticamente R$ 400 milhões sinalizados e se nós chegarmos a R$ 1,2 bi será um avanço muito grande”, afirma José Mário Schreiner, presidente da Comissão de Política Agrícola da CNA. Além desse montante para o seguro rural, o pedido inclui R$ 1,7 bi para comercialização e R$ 3,5 para aprimorar o Zarc.

O Conselho do Agro procura formas de atrair o interesse da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) para que os bancos privados entrem na disputa com instituições oficiais. De acordo com a assessora técnica da CNA Fernanda Schwantes, houve várias conversas entre os presidentes das confederações. “Durante a participação do presidente da CNF na reunião do conselho na última semana, ele apresentou algumas propostas que a confederação vislumbra para que os bancos privados participem mais do crédito rural, como a utilização de instrumentos de mitigação de risco”, conta.

As propostas, segundo Fernanda, foram deixadas com as demais entidades que compõem o Conselho do Agro para análise. “São possibilidades de financiamento que o produtor às vezes desconhece e que já existem no mercado; e como elas podem ser aprimoradas”, diz.

Hoje, menos de 10% da área agricultável no país está segurada. O baixo número é consequência da falta de conhecimento dos riscos da seguradora, ao oferecer o seguro, e também do contingenciamento de recursos do Ministério da Agricultura, que impede a subvenção do prêmio, em caso de sinistros.

Para o coordenador do ramo agropecuário da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Paulo Dias, “quando visualizamos a questão no orçamento, ele é menor e há sempre uma briga grande para que os recursos de um programa tão importante de mitigação de riscos seja implementado e de uma forma sustentável no Brasil”.