Dólar fecha perto de R$ 3,50, maior valor em quase dois anos

Ao longo da sessão desta quarta-feira, moeda norte-americano rompeu o nível de R$ 3,51, com avanço do rendimento de títulos públicos do governo dos EUA

Fonte: Pixabay

O dólar desacelerou os ganhos no fim dos negócios e fechou em alta de 0,46%, cotado a R$ 3,486 para venda, depois de romper o nível de R$ 3,51 ao longo da sessão, pela primeira vez desde junho de 2016. O pano de fundo foi o novo avanço do rendimento dos títulos públicos do governo norte-americano de dez anos, as Treasuries, que voltou a trabalhar acima dos 3%.

 Segundo o diretor de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, a alta das treasuries, que têm contribuído para a pressão altista no dólar, se deve à confiança do mercado no crescimento da economia dos Estados Unidos. O que “pode encorajar o Fed [Federal Reserve, o banco central norte-americano] a elevar os juros básicos em ritmo mais veloz do que se previa”.
 
Já o economista do Haitong, Flávio Serrano, disse que houve uma expectativa nos últimos dias de o Banco Central (BC) atuar no câmbio, apesar de ser contrário a uma intervenção. “Acho que o BC atuaria se tivesse volatilidade e se o problema fosse doméstico. Porém, o movimento é de fortalecimento global do dólar”. 
 
Ainda sobre o cenário altista, Serrano avalia que “o mercado acaba exagerando no início do processo”, e o dólar pode voltar a recuar. “Mas não dá para dizer que a partir desse nível [em torno de R$ 3,50], o dólar suba mais, chegando a R$ 3,60, por exemplo”, afirma o economista. 
 
A expectativa dos analistas é de que, nesta quinta, dia 26, o câmbio mantenha a pressão de alta frente com o rumor de haver chances de mais três elevações ao longo do ano, diz Serrano. “Já imaginávamos que o dólar ficaria mais forte este ano, terminando em R$ 3,45, mais ou menos, já que os juros estão subindo lá fora e temos um processo eleitoral em aberto por aqui”.