Polícia Civil investiga morte de índio em Mato Grosso do Sul

Organização divulgou em uma rede social que 20 mil indígenas serão enviados para a região de conflito com produtores rurais em Mato Grosso do Sul

Fonte: Canal Rural

A Polícia Civil de Antônio João (MS) investiga a morte do índio Semião Fernandes Vilhalva, 24 anos. O integrante da aldeia Marangatú, da etnia guarani-kaiowá, foi achado morto no córrego da fazenda onde estão ocorrendo conflitos entre produtores rurais e indígenas.

A princípio, a tribo não permitiu que a perícia se aproximasse do corpo. Investigadores só tiveram acesso ao local depois que o Exército e a Força Nacional chegaram. O índio tinha um orifício na cabeça, provocado por um tiro de calibre 22. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Ponta Porã. A necropsia já foi feita, mas o laudo ainda não foi divulgado. 

No perfil da organização comunitária Aty Guasu em uma rede social, índios das etnias guarani-kaiowá e terena divulgaram nesta segunda, dia 31, uma nota informando que 20 mil indígenas seriam enviados para a região de conflito com produtores rurais em Mato Grosso do Sul.

– Todos os povos indígenas se preparam para combater os fazendeitros cruéis. É questão de honra para os povos indígenas de Mato Grosso do Sul e por isso não iremos recuar! Conclamamos todos os guerreiros terenas a se juntarem aos guarani e kaiowá para concluir a autodemarcação desse Tekohá [território] – dizem trechos da nota.

O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, reivindicou a presença do Exército na área de conflito para restabelecer a ordem. Ainda não houve resposta oficial do governo federal sobre a questão.

No entanto, de acordo com o assessor jurídico da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul, Gustavo Passarelli, a presidente Dilma Rousseff já teria deferido a autorização para o deslocamento das tropas para a região. 

Entenda o caso

Na última semana, indígenas invadiram sete propriedades na cidade de Antônio João, na fronteira com o Paraguai. Equipes do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e da Força Nacional. Produtores conseguiram retomar duas fazendas, mas relatam que há risco de serem retirados das propriedades pelos índios.

Houve confronto no último sábado, dia 29, quando índios atiraram contra carros no local. O Canal Rural não conseguiu tirar fotos e registrar relatos de índios porque foi impedido de se aproximar pela polícia local.

Segundo o sindicato rural de Antônio João, todas as propriedades do local são voltadas à pecuária e estão com as atividades paralisadas. Na sexta, foram contabilizados cerca de 1300 índios no local. 

Pio Queiroz, um dos pecuaristas da região, relata que os índios ameaçam invadir também a zona urbana do município e colocar fogo em estabelecimentos e casas.