Proteste encontra adulteração em azeites vendidos no Brasil

Segundo o órgão, dos 24 azeites que foram testados, oito foram considerados irregulares, sendo sete fraudados

Fonte: Pixabay

Oito azeites comercializados no Brasil foram reprovados em uma nova rodada de testes promovida pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste). Segundo o órgão, dos 24 azeites que foram testados, oito foram considerados irregulares, sendo sete fraudados. Por causa de uma decisão judicial, os nomes de duas marcas foram ocultados do resultado oficial.

Segundo a Proteste, as cinco marcas (Tradição, Figueira da Foz, Torre de Quintela, Pramesa, Lisboa) apresentaram problemas graves como fraude, ao colocarem óleos de sementes oleaginosas nos produtos. “Por esse motivo, esses azeites foram ‘condenados’ à eliminação”, diz a análise. Outro problema é o de produtos vendidos como extravirgens, e não são.

A marca Beirão, apesar de não ter sido considerado uma fraude, também apresenta rótulo com a informação errônea de que é extravirgem.

“Para chegarmos às sentenças, levamos os produtos a laboratórios internacionais acreditados pelo Ministério da Agricultura (Mapa) e pelo Conselho Oleícola Internacional (COI). Nós não divulgamos quais são esses laboratórios para mantermos a independência do teste. Mas saiba que, antes de apresentarmos aqui as nossas análises, todos os fabricantes receberam os resultados e, também, as metodologias utilizadas”, disse a Proteste em comunicado.

Metodologia

Nas marcas condenadas, segundo os testes, existem diversos fatores que indicam a pureza do azeite de oliva e possíveis adulterações. Mas, segundo a Proteste, a principal fraude é a adição de outros óleos vegetais e animais ao azeite.

“O legítimo azeite de oliva é originado de uma única fonte de óleo, vindo da azeitona – o qual, diga-se de passagem, é rico nos saudáveis ácidos graxos insaturados, razão pela qual muita gente compra esse produto”, disse a entidade.

Seguindo essa linha de raciocínio, as cinco marcas destacadas não podem ser consideradas azeites por causa da adição de outros óleos, o que é contra a lei.

“Para descobrirmos a classificação de um azeite, contamos com a expertise de três grupos de profissionais treinados e qualificados por órgãos reguladores. Eles fizeram a análise sensorial – ferramenta que determina a classificação do produto –, na qual são avaliados aromas e sabores complexos, por meio do olfato, paladar e tato”, completou a Proteste em seu comunicado oficial.

Por fim, o teste descobriu que as marcas eliminadas por fraude são consideradas “lampantes”. Segundo o Ministério da Agricultura, azeites que possuem essa classificação não devem ser destinados à alimentação humana e, geralmente, são indicados para o uso industrial.

O Canal Rural entrou em contato com as marcas citadas no teste. Por meio de nota, a Olivenza, fabricante da marca Torre de Quintela, disse que iria analisar o lote do produto e verificar o ocorrido. “Já estamos trabalhando para que este tipo de imprevisto não ocorra e se adequar dentro da legislação afim de oferecer um produto de qualidade”, disse a empresa.

O azeite Tradição não reconheceu o resultado das análises. Em nota, a empresa disse que “atende todos os requisitos do Mapa (Órgão Estatal Fiscalizador) e que a Proteste não possui competência legal de fiscalização a ensejar a presente e infundada matéria.” Ainda segundo a empresa, o departamento jurídico da mesma “tomou providências judiciais referentes ao caso”.

Já a Natural Alimentos, fabricante do azeite Lisboa, alegou que não foi notificada pela Proteste dos testes realizados e que vai entrar com uma liminar judicial para a retirada do nome da empresa do material divulgado. “Já enviamos a amostra de contraprova para laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para analisarmos os resultados laboratoriais apresentados”, informou ainda a empresa

Os demais fabricantes não retornaram o contato.