Protestos pró-Lava Jato pelo Brasil têm 'ratos' e minuto de silêncio

Manifestações foram organizadas em defesa da Operação Lava Jato e contra o pacote de medidas anticorrupção, aprovado com modificações pela Câmara

Fonte: Roberta Silveira/Canal Rural

Manifestações em diversas cidades brasileiras marcaram este domingo, dia 4. Manifestantes foram às ruas desde as primeiras horas da manhã em defesa da Operação Lava Jato e contra o pacote de medidas anticorrupção, recentemente aprovado com mudanças pela Câmara dos Deputados.

A manifestação em Brasília reuniu pouco mais de mil pessoas em frente ao Congresso Nacional. A movimentação bem menor que em outras datas, no entanto, não tirou a empolgação das irmãs Morgado. Placidina, de 71 anos, se diz orgulhosa de participar do que chama de “limpar o lamaçal que virou o Brasil”. A caçula Corinta, de 60, mora em Porto, Portugal, e veio passar as férias em casa. “Lutei na revolução contra o AI-5 e hoje estou aqui de novo porque amo meu país”, conta.

No gramado e em volta do lago que fica em frente ao Congresso, manifestantes cantaram o hino nacional e gritaram palavras de ordem como “Somos todos Sérgio Moro” e “Fora Renan”. Um grupo depositou dentro do lago alguns cartazes com desenhos de ratos – eles representariam os 313 deputados que votaram a favor do pacote de medidas anticorrupção que acabou tendo seu projeto original alterado.

Um dos principais alvos foi o presidente do Senado, Renan Calheiros. Em São Paulo (SP), milhares de pessoas foram à Avenida Paulista com palavras de ordem contra Renan. A concentração aconteceu no Masp e contou com um carro de som do movimento “Vem pra Rua”. O número exato de manifestantes não foi divulgado pela Polícia Militar.

A Avenida Paulista ainda foi divida em cinco pontos para atender aos diferentes movimentos, com concentração na altura das Ruas Augusta, Peixoto Gomide, e das Alamedas Casa Branca, Pamplona e Campinas.

Em Ubelândia (MG), manifestantes se reuniram na Praça Tubal Vilela, que fica no centro da cidade. Antes de marcharem por cerca de 2 km, acompanhadas de um carro de som, as pessoas fizeram um minuto de silêncio em homenagem aos mortos no acidente de avião sofrido pelo time da Chapecoense na última semana.

Em seguida o grupo com cerca de 300 pessoas percorreu o  trajeto de 1 km pelas ruas ao entorno da praça. Eles estavam acompanhados por um trio elétrico e muitos cartazes com apoio ao juiz Sérgio Moro e a operação Lava Jato.

Segundo o coordenador do Movimento “Vem para Rua” de Uberlândia, o protesto tem seis pontos fundamentai: apoio à Operação Lava Jato; pedido para que o Senador Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas, deixe a presidência do Senado Federal; agilidade do Supremo Tribunal Federal nos julgamentos; fim de privilégios aos políticos; rejeitar a Lei de Abuso de Autoridade e que as dez medidas contra a corrupção sejam aprovadas sem cortes do texto original.

Os manifestantes também coletaram assinaturas para o Projeto “Uberlândia mais com menos”, que busca a redução no número de vereadores e assessores e também diminuição dos salários.

O minuto de sliêncio em homenagem à Chapecoense também foi realizado em Porto Alegre. Em um clima tranquilo, cerca de 3 mil manifestantes compareceram ao ato. 

Já em Cuiabá (MT) o protesto começou mais tarde do que nas demais regiões. Os manifestantes lotaram a Praça 8 de Abril, no centro da cidade. Faixas e cartazes pediam a saída de Renan Calheiros da presidência do Senado e apoiavam o juiz Sérgio Moro. A população local também exigiu o fim dos privilégios aos políticos. 

Alvos, Renan Calheiros e Câmara dizem respeitar atos

Dois dos principais alvos dos protestos, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a Câmara dos Deputados divulgaram nota defendendo legitimidade das manifestações e afirmando respeitar os atos.

Segundo Renan Calheiros, o Senado Federal continua “permeável e sensível às demandas sociais”. No comunicado, Renan lembra dos atos de 2013, quando milhões de pessoas foram às ruas. Se, segundo ele, os senadores votaram 40 propostas contra a corrupção em menos de 20 dias, “entre elas a que agrava o crime de corrupção e o caracteriza como hediondo”, afirmou.

Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, divulgou uma nota em nome da instituição classificando os protestos como legítimos e democráticos. “Manifestações desse tipo, em caráter pacífico e ordeiro, servem para oxigenar nossa jovem democriacia e fortalecem o compromisso do Poder Legislativo com o debate democrático e transparente de ideias”, escreveu.