Quadrilha descarrilava trens para roubar cargas em São Paulo

Grupo roubava cargas de vagões que transportavam produtos agropecuários. Em uma das ações, um vigilante foi morto pelos criminosos

Fonte: Divulgação

Uma operação da Polícia Civil de São Paulo prendeu 25 pessoas suspeitas de descarrilar e roubar trens de carga na região de Cordeirópolis, no interior paulista. Segundo a corporação, 120 policiais foram destacados para a operação batizada de “Trem Bala”, que investigou o bando acusado de cometer roubos, furtos, descarrilamento de trens e até um homicídio.

Os trabalhos da investigação começaram há oito meses e cumprem 30 mandados de prisão e 28 de busca e apreensão em seis cidades da região Paulo. Segundo a polícia, sete suspeitos de fazer parte da quadrilha que atua na malha ferroviária estão foragidos.

Durante os trabalhos de investigação, foram registradas imagens da ação dos criminosos, escutas telefônicas e flagrantes com prisões que ajudaram na identificação da quadrilha. A polícia descobriu que os suspeitos pulavam de pontes da região para acessar a parte de cima dos vagões dos trens e conseguiam saquear as cargas de grãos e outros produtos transportados.

Ainda segundo a investigação, integrantes do grupo recebiam a carga em outros pontos. Em alguns trechos, eram instalados bancos e água potável para que os criminosos pudessem descansar antes de receber a carga.

Há menos de um ano, um dos vigilantes que fazia a cobertura de um dos trechos para inibir esse tipo de atividade foi morto e, mais recentemente, outro vigilante foi baleado no braço, segundo o delegado.

Foco em produtos agropecuários

Em um dos casos, quando o alvo foi um vagão frigorífico, a empresa vítima teve prejuízo de R$ 1 milhão. Foram levadas 20 caixas de carne de 20 quilos, mas como o local foi aberto, toda a mercadoria foi perdida.

De acordo com o delegado responsável pelo caso, William Marchi, foram feitos 60 boletins de ocorrência de roubo a cargas de trens, somente em 2016. Ele ressaltou que nem todos os casos são registrados. “Eles estavam bastante organizados. São dezenas de indivíduos envolvidos nesse tipo de atividade. Eles vivem exclusivamente da subtração de produtos que passam nos trens”, afirmou o delegado.

Segundo a polícia, as mercadorias eram desovadas em propriedades rurais que adquiriam os produtos. “Durante as investigações foram apontados alguns comerciantes que trabalham com esse tipo de produto agropecuário e várias propriedades rurais em que os proprietários adquirem a mercadoria e diesel para usar nas máquinas. Então, toda essa carga, é rapidamente distribuída para revenda ou para uso nas propriedades rurais”, contou.

Atuação

Os criminosos têm duas formas para furtar as cargas dos trens. Em uma delas, os suspeitos colocam pedras ou troncos de árvores nos trilhos e provocam o descarrilamento da locomotiva. Como o socorro demora várias horas porque vai com escolta armada, seguranças e mecânicos, os ladrões têm tempo para levar os materiais.

Em outro tipo de abordagem, os criminosos saltam de um pontilhão no trem em movimento, abrem os vagões por cima, organizam os sacos e no trecho onde há comparsas no chão vão jogando a carga.

Outro caso

Nesta terça, outra ação da Polícia Civil, dessa vez na cidade de Pederneiras, prendeu quinze pessoas suspeitas de roubar cargas de trens. No ato da prisão, os criminosos estavam em um assentamento na margem da linha férrea ensacando grande quantidade de açúcar furtado.

De acordo com o serviço de inteligência da Polícia Civil, um caminhão iria transportar o açúcar roubado de um trem para a cidade de Jaú. Com a informação privilegiada, os agentes localizaram os suspeitos no ato de carregamento do caminhão. Durante a tentativa de fuga, duas pessoas foram detidas de imediato e, nas horas seguintes, outras 13 pessoas foram capturadas.

Foram apreendidas cerca de 100 toneladas de açúcar, a carga possui um valor estimado de R$ 100 mil. O proprietário do caminhão e do trator utilizados no furto é conhecido vulgarmente como Paraguai e já havia sido preso anteriormente pela mesma prática criminosa. Segundo a polícia, ele é líder da quadrilha de piratas que saqueavam os trens de carga.

Paraguai conseguiu fugir do cerco policial, mas sua prisão já foi solicitada à Justiça. Todos os detidos foram autuados por furto e associação criminosa.