No Senado, produtores e trabalhadores defendem carne brasileira e criticam operação

Representes do setor relataram à Comissão de Direitos Humanos da Casa preocupação com perdas econômicas e desemprego provocados após a deflagração da Carne Fraca

Fonte: Senado/divulgação

Os impactos da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, foram debatidos, nesta terça-feira, dia 28, na Comissão de Direitos Humanos do Senado. Representantes de produtores, trabalhadores e do governo relataram preocupação com as perdas econômicas e o desemprego provocados após a deflagração da operação, no último dia 17.

O vice-presidente de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo João Santin, defendeu a qualidade da carne brasileira e disse que o problema revelado pela operação é predominantemente de fraude e corrupção. Santin disse que não se pode generalizar e dizer que há um problema sanitário na carne produzida pela indústria brasileira e criticou a forma como a operação foi divulgada. Para ele, a repercussão na imprensa deu a ideia de que toda a cadeia produtiva da carne brasileira estava comprometida.

“Se alguém fez uma coisa errada, deve pagar. Mas não podemos generalizar e dizer que tem problema de sanidade na nossa indústria. Acho que o que mais aconteceu nesse episódio foi corrupção e fraude econômica”, disse Ricardo Santin.

O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins), Darci Pires da Rocha, expôs a preocupação dos trabalhadores com o desemprego gerado no setor e disse que os empregados não podem pagar a conta dos efeitos da operação.

Darci Pires disse que as empresas do setor recebem incentivos fiscais federais e estaduais e, por isso, fez um apelo para que os governantes proponham um decreto ou uma negociação que garanta os empregos dos trabalhadores por um período de pelo menos seis meses. “Os trabalhadores não podem pagar essa conta e os governantes nesse momento tem que trabalhar com os dois lados, o lado de salvar a indústria, de extirpar esses fatos e essas atitudes que aconteceram para que a gente consiga continuar produzindo e empregando nesse setor”, disse.

O presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal, Flávio Werneck Meneguelli, defendeu as investigações e disse que houve um erro na forma de divulgar a operação. “Vou reprisar aqui o apoio incondicional aos investigadores e a investigação que ocorreu. O que houve ali foi uma falta de tato, um erro do departamento de comunicação social da Polícia Federal”, disse.

O chefe de gabinete do ministro da Agricultura, Coaraci Castilho, disse que o ministério afastou 33 servidores num universo de 11,3 mil, o que mostra que foi uma operação localizada. “A imagem do Brasil foi arranhada, abalada e machucada no mundo inteiro. O prejuízo podemos avaliar em 10% de oscilação do mercado”, disse.

A operação Carne Fraca apura o envolvimento de frigoríficos em um esquema criminoso que subornava fiscais federais para que fosse autorizada a comercialização de produtos que já estavam em condições impróprias para consumo. A operação fez com que vários países restringissem a importação de carne do Brasil causando prejuízos financeiros.