Livro reúne 27 anos de pesquisa e de história do cavalo Pantaneiro

Obra surgiu da necessidade de reunir num único documento as informações até então dispersas e inéditas sobre as diferentes fases de formação da raça 

Fonte: Embrapa/Divulgação

“O cavalo foi sempre inseparável companheiro do homem. Sem ele a história seria bem diferente.” Assim começa a crônica que faz o desfecho do livro Cavalo Pantaneiro: rústico por natureza, uma obra primorosa em imagens e conteúdo e um legado para todos aqueles que buscam por informações além de suas fronteiras, de seus conhecidos biomas.

No livro fica claro ser impossível narrar a história da colonização e do desenvolvimento do Pantanal Mato-Grossense, sem falar da importância do cavalo Pantaneiro, uma raça que se formou naturalmente por cruzamentos aleatórios entre os animais trazidos por colonizadores durante a conquista da região.

A raça Pantaneira foi moldada pela natureza, para resistir às restrições ambientais do bioma Pantanal, onde ora é muita água, ora é muita seca, além de altas temperaturas, insetos, predadores, entre outros fatores. Nessas condições inóspitas, ficaram apenas os cavalos mais fortes e rústicos que se multiplicaram e povoaram toda a planície pantaneira. Até os índios se renderam à utilidade, força e rusticidade desses animais.

Com a implantação de fazendas de criação de gado, o cavalo tornou-se um auxiliar insubstituível no trabalho diário com os animais e no transporte da população local. Mas doenças e cruzamentos indiscriminados com outras raças, por exemplo, levaram quase ao desaparecimento da raça Pantaneira, que só sobreviveu graças à visão e à necessidade de criadores pioneiros.

A criação em 1972 da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Pantaneiros (ABCCP) e mais tarde dos núcleos de conservação em instituições de pesquisas, como o da Embrapa Pantanal em 1988, foram fundamentais na consolidação e no estudo dessa raça, de valor inestimável, e que hoje desperta interesse cada vez maior entre os criadores.

Criação do exemplar

O livro surgiu da necessidade de reunir num único documento as informações até então dispersas e inéditas sobre as diferentes fases de formação da raça Pantaneira.

“Acompanhamos todo o processo de desenvolvimento da raça na região, realizando pesquisas em parceria com os criadores e sentimos a necessidade de divulgar o valor deste cavalo, um  animal que se tornou nobre por todo o serviço que executa numa região ainda selvagem e muitas vezes inóspita”, relata a pesquisadora Sandra Santos, editora do livro e responsável pelo núcleo de criação e conservação do cavalo Pantaneiro da Embrapa Pantanal desde 1988.

Com a colaboração de mais de 50 autores, a obra é composta de 21 capítulos. Nos primeiros, o leitor mergulha na caracterização do Pantanal Mato-Grossense, na história da raça Pantaneira, da bravura dos primeiros criadores e da criação da ABCCP. Os capítulos seguintes descrevem as principais características da raça, como adaptação ao meio ambiente, conformação, pelagem, genética, funcionalidade, aspectos reprodutivos, nutricionais, sanitários e culturais, entre outros, representativos dos 27 anos de pesquisas da Embrapa Pantanal e seus parceiros.

“Não é exagero afirmar que este livro é um estímulo àqueles que batalham pela conservação deste inestimável recurso genético”, diz Arthur da Silva Mariante, pesquisador da Embrapa e coordenador regional de recursos genéticos animais para a América Latina e Caribe.