Rússia: sistema usado no Brasil impossibilitaria detecção de ractopamina, diz governo

Segregação de animais para a exportação de carne impossibilitaria identificar o estimulante de crescimento, conforme alega serviço de vigilância sanitária russo  

Fonte: Thiago Gomes/Susipe

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informa que nesta terça-feira, dia 21, técnicos do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) se comunicaram, por meio de videoconferência, com integrantes do Rosselkhoznadzor, o Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia, para tratar da presença de ractopamina na carne suína brasileira exportada para aquele país.

De acordo com o Dipoa, o Brasil utiliza o sistema de segregação de suínos para a exportação de carne para Rússia, o que impossibilitaria a detecção de ractopamina, conforme informação prestada pelo vigilância sanitária russa.

Diante das informações prestadas pelo Rosselkhoznadzor, o Mapa solicitou o envio dos certificados do serviço de inspeção e os respectivos laudos laboratoriais indicando a presença do estimulante de crescimento, para que possa fazer uma investigação interna e, posteriormente, as correções necessárias em caso positivo.

Os documentos foram entregues à embaixada brasileira em Moscou e estão sendo traduzidos e enviados para o Brasil até esta quarta-feira, dia 22, segundo informações do Dipoa.

O Mapa informa ainda que até o momento não recebeu, por parte do governo russo, nenhuma notificação de suspensão das importações de carnes bovina e suína brasileiras, mas apenas a notificação sobre a presença de ractopamina.

Bovinos

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) emitiu uma nota nesta terça afirmando que seus associados realizam programa interno de controle de resíduos químicos de ractopamina, visando à geração de matéria-prima e produto final em conformidade com os requerimentos do mercado russo.
 
“A comercialização da ractopamina e outros betabloqueadores para bovinos está suspensa desde o final de 2012 pelo governo brasileiro. Portanto, esta substância tem o seu uso proibido para bovinos, não existindo a necessidade de segregação da produção para atendimento ao mercado russo”, afirma a nota.
 
De acordo com a Abiec, desde 2013 não há histórico de notificação pelas autoridades russas referente ao uso de ractopamina em bovinos e que, caso necessário, a indústria está pronta para atender a novos critérios.